sexta-feira, 13 de dezembro de 2013

Adélia


                    






Adélia, filha de Manoel Ludugero da Cunha e dona Áurea, teve como missão em Serra dos Bois: trabalhar. Só se via Adélia trabalhando ou indo à labuta. Ela gostava de pedir muitos favores às crianças, mesmo sem gostar delas. Adélia não gostava da gente quando éramos crianças, pois não dava-nos doce nem balas. Só abria exceção quando tinha missa em Gravatá ou depois em Serra dos Bois, com a construção da Igreja de São Pedro.
Durante muitos anos ela morou em Serra dos Bois; após se casar-se com Amaro Bernadino, velho romântico do lugar, Adélia foi residir no Bandeira; mesmo assim nunca deixou de andar em sua terra natal.
Qualquer um podia encontrar-se com Adélia, entretanto, era um luxo para quem a conhecia. Para um desconhecido tal encontro exigia um pouco de coragem, pois de longe, sem saber o que era a gente corria de medo. Fato é que Adélia andava tangendo uma jumenta que tinha uma orelha torta; tocando um chocalho e com um jumentinho atrás. Como após a viuvez Adélia só se vestia de roupa de cor preta; usava de umas tiras de pano sobre as pernas,  que chamávamos perneiras, além de um chapéu de palha bem grande, como um sombreiro mexicano. De longe parecia um espantalho ou mesmo uma alma penada que de vez em quando, para os corajosos, gostam de aparecer no corredor de Otávio Ramos e até a porteira de Pedro Lino. Passando deste ponto as almas só vão aparecer no corredor de seu Amaro França, hoje, onde fica o açude. Se bem que nas Areias, onde mora Margarida de Olívia, também tem almas penadas, principalmente atrás da parede de um açude velho.
Quando moça, temos notícias que era muito bonita, elegante e muito namoradeira. Ao contrário de sua irmã Native, que morreu solteira e só namorou Luiz França, seu único amor de sua vida.
Adélia se casou no mês de junho, ocasião que seus irmãos aproveitavam para rever Serra dos Bois. Foi um mês de festa: Bailes todos os dias, fogos e tudo mais.
Adélia, portanto, é uma pessoa que Serra dos Bois não esquecer e seu povo sente sua falta, desde o tempo que ela morar  na Eternidade.

Antonio Martins de Farias


Mistérios De Serra dos Bois.


                              

Nascido e criado em Serra dos Bois deixei de conhecer coisas que não poderei mais saber como eram, pois algumas se acabaram; outras foram modificadas, mudaram de lugar ou mesmo perderam suas características iniciais. Exemplo: o Cercado das Lages, de propriedade de tio Manoel Ludugero, que sempre ouvi falar, sem nunca ter ido lá.
Outra coisa que nunca fiz: entrar na casa de Manoel Joaquim. Mesmo tendo visitando-a muitas vezes, só me restando a varanda. Morria de curiosidade e de vontade de tomar um café com Manoel Joaquim e Maria, que formavam um casal muito lindo, lindo mesmo. Os dois gostavam de andar, de passear e ir à missa na igreja de Serra dos Bois. De longe, a gente avistava aquele casal, vindo bem devagarinho, devagarinho como o vento em tempos de verão, mas chegavam ao destino. Todos tinham muito respeito para com Manoel Joaquim e Maria. Manoel Joaquim, por trabalhar muito e acordar cedo só andava dormindo. Em qualquer lugar que se encostasse pegava no sono.
Devia ser muito gostoso morar onde Manoel Joaquim morava. Bastava só ouvir o cantar da juriti, no alto das árvores; ouvir, ao amanhecer e ao anoitecer os mocós, lá em cima do serrote, atrás da casa de Mãe Zita.
Outro lugar que nunca entrei foi na casa de seu Zé Ramos, hoje, de Otávio Ramos, embora passasse muitas vezes pelo terreiro. Nunca fui ao roçado de Aleixo Chico, principalmente, na parte que ficou para tio Abdias. Morria de vontade de subir no pé de imbu que tinha lá dentro, mas tinha medo, pois nunca fui convidado. Talvez, por isso, sempre sonho rondando aquele pedaço de Serra dos Bois.
Na fazenda Açude Novo tem um lugar chamado de Agave. Morro de vontade de ir até lá, pois nunca tive esta oportunidade quando criança ou mesmo como adulto de conhecer mais uma parte de Serra Lavrada e a Serra de Manoel Manso. Uma vez estive no topo da Serra de Manoel Manso, com padrinho Geraldo. Na ocasião estávamos procurando um jumento que sumiu. O que achamos foi um pé de coco catolé, com um cacho inteiro já maduro: oh! Coisa gostosa!
Assim, vejo como ainda me falta conhecer  os mistérios de Serra dos Bois.


Antonio Martins de Farias

terça-feira, 22 de outubro de 2013

Contagem regressiva para a 3ª missa e festa dos Vaqueiros de Serra dos Bois


Taquaritinga do Norte, a Dália da Serra, já aguarda com ansiedade a realização de mais uma das suas festas de grande importância cultural: a 3ª Missa e Festa dos Vaqueiros de Serra dos Bois, grandioso evento que já está inserido no calendário oficial de festividades do município e a cada ano amplia sua dimensão, se consolidando como uma importante celebração, religiosa e profana, que tem na figura do vaqueiro o seu grande homenageado.
A festa está programada para ocorrer nos dias 8 e 9 de novembro e uma vasta programação foi elaborada pela associação dos agricultores da comunidade e pela Secretaria de Turismo, Esportes e Desenvolvimento Econômico (SETURDE), e a expectativa é atrair um grande público e vaqueiros de toda região e da vizinha Paraíba, repetindo o sucesso de anos anteriores.
As ações da  comunidade e da Prefeitura de Taquaritinga são no sentido de desenvolverem um polo turístico e cultural na região onde o mote seja as atividades desenvolvidas pelos vaqueiros e a promoção do resgate da história do cangaço visto Serra dos Bois ter um antigo casarão onde se hospedava o cangaceiro Antonio Silvino e o seu bando.
A programação terá início na sexta-feira (8/11) a partir de 10 da noite, com shows de forró de Pedro de Bilau e Dani do Acordeom e no sábado (9), dia principal do evento, será realizada uma grandiosa cavalgada saindo da Vila do Jerimum puxada por Joãozinho Aboiador, Geraldinho, Américo e Wando Duda. A concentração será na Fazenda de Zé Amauri a partir de 10 horas da manhã com feijoada e sorteio de brindes para os vaqueiros inscritos e a saída está programada para as 2 da tarde e na sequencia, às 5 horas, será celebrada a tradicional missa do vaqueiro, seguida de bingo após o encerramento das atividades religiosas e muito forró com shows de Bardigão e Forró no Kilo.

segunda-feira, 14 de outubro de 2013

Prato de Pirão e a Eleição


 

Antigamente o dia da eleição era uma festa. Em Gravatá do Ibiapina existia duas facções políticas. Era esta bem dividida. De um lado se postava o grupo de Zé Pereira e Antonio Cumaru, de outro o grupo de seu Mocinho, Amaro Galdino e Rozendo Leandro, mas tarde aparece a liderança de Naelson Pessoa.
Na minha família havia uma divisão política que causava, às vezes, alguns desentendimentos passageiros, mas que acarretavam prejuízos irrecuperáveis. A exemplo: tia Nina era eleitora de Miguel Arraes e o resto da família eleitora de João Cleofas. No dia da eleição, os eleitores de Cleofas eram autorizados a almoçar no Hotel de Elói. Dizia-se que teria carne de boi a vontade. Saímos de Serra dos Bois para Gravatá do Ibiapina, num caminhão velho e ansiosos para comer carne, produto raro na casa de pessoas com poder aquisitivo baixo. Acontece que no Hotel de Elói, neste dia, o que nos foi servido foi um feijão queimado. A carne de boi não apareceu. Depois do feijão queimado fomos tomar café com pão na casa de tia Luiza.
Como a rivalidade política era grande, não se podia descer muito à rua em direção à casa de Zé Pereira nem da casa de seu Antonio Cumaru, porém menino tinha, naquele tempo, carta branca para transitar por todos os lugares. Daí, entramos na casa de seu Antonio Cumaru. E, para nossa surpresa a cozinheira era tia Nina. Ela quando nos viu mandou-nos que sentássemos no funda da casa, ou melhor, do quintal. Em poucos minutos tia Nina trouxe um prato de carte e muito pirão para nós.
Papai e mamãe votaram e perderam a eleição, pois João Cleofas não ganhou, mas eu ganhei um prato de carne e outro de pirão que valeu por muitas eleições.

Antonio Martins de Farias:


terça-feira, 17 de setembro de 2013

A Índia Que Virou Pedra.



Uma bela índia nasceu nos arredores da fazenda Açude Novo. Nasceu como uma deusa. Para alguns ela trazia características de Iracema, de José de Alencar. Seus pais, aos poucos, foram se adaptando aos costumes de Serra dos Bois. A índia crescia e com ela crescia também um jeito de sapeca de ser e de se comportar. Ita era seu nome. A menina aprendeu a dançar assim que deu seus primeiros passos no chão de terra batida, em sua aconchegante casa de taipa que ocupava as margens do Olho D’água, nas proximidades da Serra Lavrada.
Ita cresceu. Acostumada a andar a cavalo corria nua, como Eva no Jardim do Éden, após comer a fruta proibida. A índia cavalgava pelas capoeiras de seu Oliveira. Ia à Lagoa das Gogoias. Em algumas ocasiões visitava a fazenda de seu Agnelo Pedrosa. De vez em quando ia até à fazenda Maniçoba, para um café, na companhia dos vaqueiros. Em suas andanças pelos marmeleiros, quando o sol estava abrasivo, Ita desmontava de seu tordilho, chamado de “filho do vento”, em razão ser o mais rápido cavalo da região. e descansava à sombra das quixabeiras, que embelezavam as margens do Riacho da Tapera. Dependendo da hora, Ita até tirava uma soneca, quando sonhava com seu príncipe encantado. Quando o sol quebrava e já caminhava para o ocaso a jovem sonhadora montava em seu cavalo e retornava à casa de seus pais, às margens do riacho do Olho D’água, dentro dos limites da fazenda de seu Oliveira.
Ao terminar o dia os concrizes, os galos-de-campina e as juritis faziam a festa. Quando era noite de lua cheia Ita ficava à janela, olhando a beleza dos galhos de avelós bravo, as macambiras, os lastrados e os mandacarus em flores, trazendo para o sertão os primeiros sinais de chuva. Só por volta da meia note é que Ita ia dormir em uma cama de vara, mas que ela fez um dos lugares mais confortáveis que o mundo conheceu.
Curioso é que Ita andava nua pelos campos e, em Serra dos Bois, ninguém percebia tal fenômeno. Fato é que ela fizera amizade com o escravo Lulu, morador da casa de taipa que ficava no caminho da casa de tio Aleixo Porto. A casa de taipa e cercada de árvores, quando até hoje lá aparece almas penadas. O escravo Lulu criava cobras e, por certo, fora o único mandingueiro de Serra dos Bois. Assim, por dedicação e amor à Ita, Lulu fez um trabalho mágico afim de que quando Ita andasse como veio ao mundo ninguém a percebesse. Por mais bem feito que tenha sido o trabalho, um rapaz sabia que Ita andava montada em seu tordilho, pelas capoeiras, sem nenhuma tira de pano em seu corpo.
Com sua beleza, com o rosto tão belo; com seu cabelo lindo como o ninho da casaca de couro, Ita, por destino, foi se apaixonar logo pelo rapaz de Serra dos Bois, que conseguia lhe ver nua andando pelos matos. Também, por obra do destino, tal rapaz não correspondeu à a paixão ardente da índia.

Ita decepcionada com a falta de sorte e por não ter sido correspondida resolveu se vingar e, por este tempo, conheceu um cangaceiro do grupo de Antonio Silvino, que se hospedava na casa de Ludugero Aleixo da Cunha Porto. Apesar de amar intensamente o filho da terra e não recebendo apoio de seus pais para se casar com o cangaceiro, Ita fugiu e nunca mais se teve noticia de nossa índia, ficando todos sem saber por onde anda Ita. Fato é que Ita era tão bela que parece que sumiu para virar pedra e enfeitar a Serra Lavrada. 

Por:Antonio Martins de farias:

sexta-feira, 30 de agosto de 2013

Poços artesianos perfurados pelo IPA são instalados em Serra dos Bois






Uma luta da Associação dos Agricultores de Serra dos Bois em parceria com a Secretaria de Agricultura, conseguiu um grande resultado para a comunidade. Em julho de 2012 o presidente da AASB Geraldo Filho, esteve na capital pernambucana em audiência com o presidente do IPA, Dr. Júlio Zoé de Brito, acompanhado por membros da associação, secretário de agricultura e secretário de apoio. A pauta do encontro foi “alternativas de convivência com a seca”. Foram oficializadas reivindicações como perfuração e instalação de poços artesianos, construção de pequenas barragens, aumento do reservatório já existente, dentre outros.
O presidente do IPA se comprometeu em levar a documentação ao Comitê Gestor da Seca e lutar para que os pleitos fossem atendidos. No final de janeiro de 2013, os poços foram perfurados, com uma vazão aproximada de 1200 litros/hora, volume considerável para a região do cariri.
Na última terça-feira dia 27 de agosto de 2013 a empresa YVEL começou a instalação dos cata-ventos. Ação que vai ajudar significativamente a comunidade que sofreu bastante com a falta de água durante a mais longa estiagem já registrada nos últimos 50 anos. Uma alegria enorme para nossa comunidade, Isso só reforça a nossa luta a frente da Associação e mostra que nosso trabalho está apresentando resultados positivos, pontuou Geraldinho.
Agradecemos em nome da comunidade, dos sócios e toda diretoria da AASB, a todos que participaram diretamente desta luta e em especial, ao Dr. Júlio Zoé de Brito por mais esta grande conquista.

Veja no link abaixo a postagem do dia 25 de julho de 2012, sobre a audiência realizada no IPA em Recife, em prol da perfuração e instalação destes poços:
Veja no link abaixo a postagem do dia 24 de janeiro de 2013, sobre a perfuração dos poços em Serra dos Bois:
http://associacaodeagricultoresdeserra.blogspot.com.br/2013_01_01_archive.html

sexta-feira, 23 de agosto de 2013

Começa implantação do abastecimento de água de Serra dos Bois

Uma obra tão sonhada pelos moradores da comunidade de Serra dos Bois começou a sair do papel: a implantação do sistema simplificado de abastecimento de água deste povoado já é uma realidade, pois na manhã desta quarta-feira (21) foi iniciada a perfuração do poço artesiano que vai abastecer todo o sistema onde foi registrada uma vazão de 3.800 litros por hora, considerada satisfatória para este tipo de obra.
O convênio da obra havia sido assinado no dia 10 de janeiro, ocasião onde o Prefeito Evilásio Araújo recebeu a comitiva integrada pelo Secretário Estadual de Agricultura e Pecuária Ranilson Ramos, o Secretário de Agricultura Familiar Aldo Santos, o Deputado Estadual Diogo Moraes (PSB) e outras autoridades e funcionários ligados a agricultura no Estado que visitaram Serra dos Bois onde foram recepcionados pelo presidente da Associação de Agricultores de Serra dos Bois (ASSB) Geraldo Filho, por representantes das associações rurais, do Sindicato dos Trabalhadores Rurais e de outras entidades.
Além da assinatura do convênio, na ocasião também foram abordadas outras ações a serem implantadas objetivando o combate a seca que já começaram a ser viabilizadas pelo Governo Estadual através de várias frentes.
Muito feliz com o início da obra está Geraldo Filho, presidente da Associação beneficiada. “A viabilização desta obra é a conquista de um grande sonho de nossa comunidade, pois esta ação vai proporcionar uma melhoria na qualidade de vida de todos nós. Somos muito gratos ao Governo Estadual e a Prefeitura por todo o apoio dado a nossa Associação, temos certeza que unidos, conseguiremos mais conquistas para o homem do campo de nosso município”, declarou Geraldinho.

terça-feira, 6 de agosto de 2013

Cultura Avante!!!

Ilka Paloma (Secretária de Educação), Geraldo Filho (Pres. AASB), Oscar (FUNDARPE) e Anália Arruda (Dir. Conselho de Cultura)

Na última quarta-feira 31 de julho, a cidade de Taquaritinga do Norte vivenciou a Primeira Conferência Municipal de Cultura. Um evento superimportante para o município, uma vez que o mesmo é um grande berço de artistas de vários segmentos.
A comunidade de Serra dos Bois foi representada pelo presidente da Associação dos Agricultores, Turismo e Cultura, o senhor Geraldo Filho, popularmente conhecido como Geraldinho, que é poeta e amante da cultura nordestina.

A comunidade tem um forte apelo cultural além de ser uma das comunidades que mais se destaca pelos eventos culturais como a Missa do Vaqueiro, e os relatos históricos sobre os cangaceiros, sendo conhecida por Terra do Vaqueiro, Rota do Cangaço.

sexta-feira, 26 de julho de 2013

O Sítio Bandeira de Seu Miguel Severino




Não há uma versão oficial a respeito do sítio Bandeira, que tem uma parte pertencente ao município de Barra de São Miguel, PB, e outra à Taquaritinga do Norte, PE. Contava-nos uma história no sentido de que com a libertação dos escravos, pela Princesa Izabel, o Sr. Ludugero Aleixo da Cunha Porto, doou como recompensa, ao seu escravo Adelino, o terreno no qual se acha o sítio em questão. Não há nada oficial nesta afirmação. Assim também aconteceu com o sítio das Barrocas, que foi doado pelo mesmo senhor ao seu ex-escravo João Borges da Costa. Que com seu trabalho construiu tudo que conhecemos ou sabemos a respeito daquele sítio amado por todos nós.
Boa parte dos moradores do Bandeira é descendente do senhor Adelino, ex-escravo e de origem africana. Ele foi o patriarca de nossos conterrâneos bandeirasses. O Sr. Adelino Deixou os seguintes filhos: Felipe Adelino, Bernadino Adelino, pai de “Chá” e” Biroca”.  “Neco” Adelino, João Adelino, pai do sanfoneiro Cecílio, casado com Luzinete, filha de Maria Clara e Antonio de Sinésio.
Não se sabe o porquê do nome Bandeira. Talvez seja porque neste local existiu uma máquina de descaroçar algodão. Sendo o vendedor da máquina em questão conhecido como seu Bandeira, cuja origem era alagoana e muito conhecido na região, tenha influenciado tal nome. Àquela máquina também chamada de bolandeira foi muito importante na época que o algodão foi chamado de ouro branco do Nordeste.
O curioso é que povo do Bandeira tem uma cultura própria; uma forma de falar diferente. O falante no Bandeira emite uma sonoridade característica que só se ouve lá. Os moradores do Bandeira possuem uma forma especifica de se divertir; gostam muito de forró e de um bom bate papo. É um povo hospitaleiro e muito amigo.
É bom que se diga que no Bandeira existem outras famílias. Famílias que adquiriram suas propriedades e construíram suas vidas neste lugar acolhedor, mediante muito trabalho e dedicação. Assim, pode-se destacar: Seu Zé Macambira; seu “Do Santo Bernadino”; “Tura”; seu “Zuca”, pai de “Titi”; seu “Biu Quinca”; dona Joaninha Marreiros, mãe de Adelson e Antonio de Sinésio, além de Artur Baixinho entre outros.
Assim, podemos lembrar-nos da família Bernadino, cujo líder de nossos tempos foi Doda Bernadino, pessoa muito comunicativa, simpática e de excelente capacidade de liderar; tendo sido inclusive vereador de Barra de São Miguel.
No Bandeira também tem a família Severino, quando o patriarca foi o senhor Manoel Severino, que deixou os filhos Amaro Severino, Miguel Severino, Pedro Severino e Eufrásio Severino e dona Raimunda, esposa de seu “Zé Macambira”.  Seu Amaro Severino chegou a ser uma pessoa rica, para a região, tendo, inclusive, influência política. Porém, o que queremos nesta oportunidade é lembrar-se de Seu Miguel Severino Pereira. Pessoa muito importante e um pai de família exemplar. Seu “Migue Severino”, como era chamado nasceu e se criou no Bandeira, casando-se com dona Maria Anunciada de Jesus, cuja naturalidade é da cidade de Bom Jardim, no estado de Pernambuco. Dona Anunciada era filha de Jerônimo Tomás da Silva e Maria Filomena Alves. Acredita-se serem seus ancestrais também de Bom Jardim, PE. O casal Miguel Severino e Anunciada teve os seguintes filhos: Maria Materna, Angelita, Carmelita, Maria do Socorro, Vivina, Eliane, José, (Dudé que morou alguns anos no Rio de Janeiro, aonde fez muitos amigos e deixou saudades); Antonio Severino e Auristela. Vivina casou-se com Francisco Abdias da Cunha, de Serra dos Bois e mora no Rio de Janeiro, construindo uma família maravilhosa. A família de Vivina é composta por Fernando, Marcelo e Fred e as netas Brenda, Ana Bela, filhas de Marcelo; e Pedro, filho de Fernando.
O autor desta pequena pesquisa possui muitas lembranças sobre o Bandeira e seus habitantes. Não obstante, sobre seu Miguel Severino guarda poucas recordações, devido serem de gerações diferentes, porém tem uma admiração especial pelo senhor Miguel que sempre demonstrou ser uma pessoa muito educada; que possuía como caraterística um sorriso gostoso e muita educação e respeito pelas pessoas que conviviam com ele e sua família.
Seu Miguel Severino gostava de caçar e era considerado o maior matador de mocó na região, segundo informações passadas em segredo ao autor desta, que respeita a fonte. E, parecem verdadeiras tais informações, pois muitas noites, seu Miguel Severino passava por Serra dos Bois em direção à manga de seu Agnelo Pedrosa com o intuito de caçar. Às vezes, para esperar a lua nascer, ele acordava um vizinho e tomava um café, para depois de meia noite se embrenhar pela mata e concluir suas caçadas. O mais curioso é que sua volta nunca era percebida. Talvez para não mostrar quantos mocós pegou ou se voltava de bornal vazio, afinal temos o seguinte ditado: “Um dia é da caça e outro do caçador.”.
Outro morador ilustre do Bandeira foi seu Antonio de Sinésio. Não se sabe ao certo sua origem. O que se conhece é que ele foi marido de Maria Clara, filha de Pedro Lino e tia Clara, moradora de Serra dos Bois. A união de Maria Clara com Antonio de Sinésio gerou a “Família de Maria Clara”, ou seja, Luzinete, esposa de Cecílio de seu João Adelino, Maria Gorete, que mora em Recife; Reginaldo que já faleceu e morou no Bandeira e em Serra dos Bois; Pedro e Ivonete, esta moradora de Recife, tendo sido aluna de Silva Borges, nas Barrocas.
O casamento de Antonio de Sinésio e Maria Clara chegou ao fim. Antonio de Sinésio constitui união com Otília, de seu Zé Ramos, também de Serra dos Bois e teve muitos filhos.
Quando criança o autor desta pequena lembrança do Bandeira levou uma carreira de Antonio de Sinésio. Quando ele armava quixó ou mundéu para pegar gato maracajá ou até mesmo alguma raposa vadia. Criança, não sabe o que faz e achava bonito ver o desarme da pequena invenção. Acontece que um dia, seu Antonio de Sinésio se escondeu no mato e quando o Autor desta passava desamando os quixós gritou:
- Por que, você desarma os meus mundéus?
Aquela voz vinda e ouvida do mato e estrondosa foi o suficiente para uma boa carreira. Do Alto da Janela a sua casa. O pobre menino levou apenas cinco minutos. Chegou todo cheio de espinho e todo arranhado pelos galhos das juremas e macambiras.
Assim, de lembranças em lembranças vamos vivendo e recordando de pessoas que nos deixam saudade.
Escrever sobre o povo do Bandeira é de enorme responsabilidade, afinal tudo que se diga desse maravilhoso lugar e sua gente é pouco. Mesmo assim, vale a pena arriscar, pois quiçá que outro curioso tenha mais história para escrever a História do Bandeira que seu povo mereça.

Antonio Martins de Farias



segunda-feira, 1 de julho de 2013

TIO NESTOR BORGES


Tio Nestor ao lado do amigo Geraldinho

É necessário lembrar que todo o conteúdo deste texto é de natureza oral e cognitiva, ou seja, são fatos lembrados e vividos na primeira edição da vida do autor; e entre a quarta e a sexta edição do homenageado. É que Nestor Borges da Costa, hoje, vivendo na casa dos seus noventa anos deixou muitas lembranças e exemplos de vida que valem a pena ser narrados como legado para a juventude.
Nestor Borges da Costa é filho de João Borges da Costa e de dona Joana. Tio Nestor foi nascido e criado no sítio Barrocas, município de Barra de São Miguel, PB
No Sítio Barrocas, Nestor cresceu, dançou forró e namorou muito. Quando se casou com Lieta Maria de Farias, com quem teve os seguintes filhos: Antonio Nestor da Costa, Graciete Borges da Costa, Amaro Borges da Costa, Gení Borges da Costa e Aluísio Borges da Costa. Dos filhos de tio Nestor, apenas Amaro já se encontra na morada definitiva. Não teve a sorte de conviver com seu pai, nas Barrocas, que tanto amou e tanto gostava. Amaro nunca se esquecia das Barrocas; e só descansou quando para ela voltou.
Tio Nestor quando se casou foi ser vaqueiro de um fazendeiro, cujo nome era Mario,  no município de Vertentes; o lugar se chama Barreira Vermelha. Lá nasceu seu primogênito Antonio Nestor da Costa, que teve como padrinho o jovem paquerador Jorge. Jorge era um romântico, gostava de andar sempre de forma impecável; montava um cavalo branco, parecendo mesmo ser o de São Jorge.
Em seguida tio Nestor foi ser vaqueiro, na fazenda Riachão, de Abílio Pedrosa. Lá nasceram: Graciete, Amaro, Gení e Aluísio. Ainda na década de 60 mudou-se para as Barrocas, onde fixou residência por longos anos. Infelizmente, sua primeira esposa, tia Lieta, faleceu deixando-nos com eternas saudades. Novamente tio Nestor se casou com dona Neves, cuja família morava na cidade de Barra de São Miguel, PB, passando bons anos em seu torrão, mas por necessidades foi morar na cidade da Barra, onde vive até a presente data.
Nestor Borges da Costa, na juventude, era um grande trabalhador; um grande vaqueiro e exímio dançador de forró e de quadrilha. E tinha como característica principal um fazer amigos. A casa era repleta de gente felicidade, que até o presente momento nos  leva à nostalgia.
Foi um pai honroso e muito cuidadoso. Tinha verdadeira paixão pelo que fazia. Adorava um forró ou uma festa fosse ela aonde fosse, embora a vaquejada fosse a sua  preferência.
Quando de seu retorno às Barrocas, seu filho Aluísio, o caçula, ainda era muito pequeno. O autor desta, também menino, presenciou e ouviu o seguinte diálogo entre tio Nestor e o caçula. Perguntava tio Nestor:
 - Aluísio é bonito?
Respondia Aluísio:
- Sim, sou, Papai!
Respondia tio Nestor:
-Que nem o bumbum do cabrito!
Aluísio, manhoso, chorava. Não há como escrever tudo o que tio Nestor representa para nós, mas uma certeza temos: tio Nestor é um exemplo para ser seguido. E eu o sigo e seguirei, para sempre. Tio Nestor é meu segundo pai.

Por: Antonio Martins de Farias


segunda-feira, 24 de junho de 2013

Nota

                                                 Nota
     A comunidade de Serra dos Bois vem por meio desta, esclarecer  a quem interessar, que as festividades  religiosas do padroeiro São Pedro, prosseguem sem alterações de 27 a 30 de junho, sendo  cancelado apenas, a festa social ou profana  em respeito as famílias que perderam seus ente queridos  recentemente, Dona Lilí, Dona Socorro, Paulo Farias e de forma trágica, Adalbertinho e Miriam do posto de saúde,  todos eles, nossos parentes e amigos.
A comunidade agradece a compreensão e ao mesmo tempo,  presta suas condolências aos familiares por tão grande perda.

Serra dos Bois, 24 de Junho de 2013:

Assinada: Geraldo filho, Geraldinho.   

sábado, 22 de junho de 2013

Palma resistente a cochonilha chega a Taquaritinga


A busca por soluções de enfrentamento a seca e de alternativas que possam garantir a alimentação dos rebanhos vem norteando as ações da Secretaria de Agricultura e Pecuária de Taquaritinga do Norte. Além da seca uma grave ameaça que vem rondando o município é a Cochonilha do Carmim, inseto que se alimenta da seiva das plantas e além de sugar, também pode introduzir vírus ou toxinas que podem destruir a palma forrageira dentro de poucos meses se não for combatida rapidamente e não existe no mercado defensivos eficientes para seu controle.
Esta praga vem causando enormes prejuízos à pecuária dos estados da Paraíba, Ceará e Pernambuco, onde já foi encontrada em 39 municípios, pois vem destruindo plantações de palma forrageira, espécie vegetal vista como a salvação do rebanho devido a sua resistência a seca e ser um excelente alimento para os rebanhos.
Vendo esta ameaça aproximar-se de Taquaritinga, a Secretaria de Agricultura e Pecuária vem incentivando e orientando os agricultores através de reuniões nas associações e no Conselho de Desenvolvimento Rural Sustentável a buscarem alternativas para combater ou conviver com a Cochonilha do Carmim. Em 2011 um grupo de agricultores representantes das associações rurais foram à cidade de Venturosa (PE) num intercâmbio para ver variedades de palmas resistentes à praga e em 2012 as primeiras mudas das variedades Orelha de Elefante e da Palma IPA-Sertânia chegaram a Taquaritinga do Norte no Assentamento Fazenda Nova Esperança, localizado no Sitio Situação.
Diante do avanço da praga que já foi registrada nas cidades vizinhas de Santa Cruz do Capibaribe, Brejo da Madre de Deus, Barra de São Miguel e Alcantil, a Secretaria de Agricultura e Pecuária, o Conselho de Desenvolvimento Rural Sustentável, o IPA e os Sindicatos voltaram a discutir e buscaram soluções para este problema e as ações já começaram a chegar em Taquaritinga, onde no dia 16 de junho as comunidades de Serra dos Bois e Pedra Preta receberam 15 mil mudas que foram adquiridas pelos agricultores ao custo de 25 centavos a unidade, vindas da cidade de Caturité (PB) com o transporte sendo custeado pela Prefeitura da Dália da Serra.
A Prefeitura de Taquaritinga do Norte vai adquirir 20 mil mudas de palma para o programa Fome Zero animal da Secretaria de Agricultura e Pecuária onde varias ações são realizadas como estratégia de segurança alimentar animal desde a construção de silos até a introdução de plantas resistentes a estiagem que sirvam de alimentos para o rebanho. As mudas de palma serão distribuídas num sistema de multiplicação onde 10 associações rurais vão definir 10 associados e cada um receberá 200 mudas de Palma Orelha de Elefante e no primeiro corte que acontece aproximadamente com um ano, os agricultores devolverão as 200 mudas para serem repassadas para outros agricultores, atendendo desta forma 100 famílias por ano com as plantas produzidas no próprio município.
“Ações como o Fome Zero Animal ajudam a fixar o homem ao campo e proporcionam o fortalecimento da agricultura familiar no município”, declarou o Secretário de Agricultura e Pecuária Júlio César.

quinta-feira, 23 de maio de 2013

Poetas homenageados em Taquaritinga do Norte

O poeta Geraldinho, foi um dos homenageados na noite literária que faz parte das comemorações dos 126 anos de emancipação politica de Taquaritinga do Norte.
Junto ao Geraldinho, foram homenageados os poetas Manoel Barbosa Camelo, José Américo, e Wilma Torres poetiza e cordelista que fez o lançamento do seu livro ‘’O Sitio do tio bau’’ obra que já foi adotada por varias escolas.  
A homenagem aconteceu na câmara dos vereadores casa José Lucas de Araújo. Em seu discurso, Geraldinho agradeceu a homenagem recebida, e enfatizou a importância de se valorizar a cultura e incentivar as novas gerações a darem continuidade.
Na oportunidade foram apresentadas as biografias dos homenageados e expostas fotos de cada poeta junto com poesias de autoria dos mesmos. Enfocando a historia da cidade e suas belezas naturais. Geraldinho apresentou na ocasião a poesia Taquaritinga Rosto de Princesa.


A noite literária é promovida pela Secretaria de Educação através da diretoria de cultura. 

Poesia e biografia de Geraldo Filho
Família prestigiando o artista da terra
Discurso do poeta
  

Parcerias para a busca de qualidade de vida!

A associação de agricultores de Serra dos Bois recebeu e distribuiu 33 filtros através da Secretaria de Saúde do Município. A ação faz parte do programa de enfrentamento da seca desenvolvido pelo governo estadual.
O filtro vem equipado com vela cerâmica, objeto que purifica a água pelo sistema de filtragem. A parceria permite que a associação identifique as famílias carentes para receberem o beneficio.
“Essas ações são muito importantes para a comunidade, porque melhoram a qualidade de vida das pessoas, e nós estaremos buscando-as por mais simples que pareçam”, declarou Geraldinho presidente da Associação dos Agricultores de Serra dos Bois.    


Alguns dos beneficiados com os filtros adquiridos a partir da parceria

sexta-feira, 17 de maio de 2013

LEMBRANÇAS DAS FAZENDAS




Parece estranho se sentir saudade daquilo que nunca nos pertenceu. Não nos pertenceu do ponto de vista jurídico material ou econômico, mas as fazendas têm um valor histórico e cultural que deve ser lembrado e guardado para futuras gerações. Assim, anima-nos a relatar fatos referentes às fazendas que fazem fronteira com Serra dos Bois.
A fazenda Lagoa do Canto, de seu Severino Malaquias, cujo vaqueiro mor foi José Ananias de Farias, carinhosamente conhecido por Zé Ananias, nos fez muito bem. Ajudou-nos a construir valores que nunca se apagarão de nossas memórias. Na fazenda Lagoa do Canto, existia, por exemplo, uma cacimba que quando nas épocas de seca se tirava água para os animais não morrer de sede. Foi na fazenda Lagoa do Canto, que  Pe. Jonas, filho de Taquaritinga do Norte, passou boa parte de sua infância, pois todo inverno rigoroso na serra de Taquaritinga, obrigava aos seus moradores passar uns dias no cariri e curtir suas belezas.
Na fazenda de Chico Elói, mais tarde de Dr. Osair, ex-prefeito de Vertentes, também teve um passado muito bom que, portanto, deve ser lembrado. Cada fazenda tem um vaqueiro. Cada vaqueiro tem sua história. A fazenda de Chico Elói seus vaqueiro costumava ser sisudos, não gostando de muita conversa ou de fazer amizade com os vizinhos; se fechavam nas porteiras da fazenda e para eles não existia outro mundo. Como toda regra tem exceção tivemos seu Bau, cujo nome verdadeiro deve ter sido Severino. Seu Bau recebia todos em sua casa e sua família era muito unida. Luzinete, sua filha, foi aluna de Silva Borges e muito amiga da família de seu Nestor Borges. Nas épocas de São João, nós crianças íamos com nossos pais à fazenda de Chico Elói, quando seu Bau era vaqueiro comer pamonha e dançar forró ouvindo as rádios de Caruaru ou de Campina Grande, num velho rádio. O Autor desta história, quando criança, chegou a tocar em seu pé de bode, ou em seus oitos baixos, na casa de seu Bau. Só tocava uma música: Juazeiro, de Luiz Gonzaga, mesmo assim o pessoal dançava. Seu Genésio, outro vaqueiro muito amigo, e vaqueiro da fazenda do Poço, de seu Ismael, ex-prefeito de Barra de São Miguel, também alegrava o povo contando boas piadas de salão. As noites de são João em Serra dos Bois e nas Barrocas eram animadas. Cada uma com seu jeito de ser.
A fazenda Açude Novo dispensa comentário, pois lá morava meu amigo Abdom Pereira da Silva, pai de Ivanildo, Iraci, Fátima, Antônia, José, Lindalva e Severino. Essa fazenda pertenceu à família Guerra a Deda Holanda, ex-prefeito de Taquaritinga do Norte. Sendo depois adquirida por seu Oliveira, fazendeiro rica cidade de Surubim, PE. Seu Abdom era um amigo do peito. Gostava de cachaça e pega do boi. Aonde tivesse uma vaquejada estaria Abdom e Ivanildo, seu escudeiro. Seu Oliveira não gostava de gastar ou investir em sua fazenda, mas a família Arruda e Pedrosa ajudaram muito ao povo de Serra dos Bois, Pedra Preta, Jerimum e sítios vizinhos, pois contratavam permanentemente trabalhadores para fazer cerca e carvão, limpar barreiros e construir açudes. Assim todos, de certa forma, contribuíram para se ter uma vida digna e honrada, pautada no trabalho e na honra do povo.
Vaqueiros históricos passaram pela fazenda Boa Vista, de Severino Arruda.  Odílio Borges, e Sebastião Cocó e seus filhos. Já a fazenda Lajedo, de seu Agnelo Pedrosa, teve um vaqueiro famoso chamado Augusto Ferraz, o homem a quem o boi Mulatinho obedecia. Restando a fazenda Maniçoba onde o mestre Alfredo Borges da Costa, fez sua história.
De vaqueiro e fazenda não falamos de todos, mas valeu pela lembrança de tantos personagens que nunca morrerão e nem sairão de nossas mentes.

Antonio Martins de Farias

quarta-feira, 1 de maio de 2013

Mais uma grande conquista


       

                                                       Oficio protocolado

                                                     Orçamento da Celpe
                                                                Obra executada

Após mais de dois anos de espera, a Celpe executou o projeto de adequação da energia na comunidade de Serra dos Bois, a conquista, foi uma  luta da associação em parceria com a prefeitura. O presidente da entidade senhor Geraldo filho,  esteve pessoalmente na sede da gerencia regional, oficializando o pedido onde foi bem recebido pelo gestor, Senhor Luzáides Lopes, mas para nossa surpresa, quando o projeto foi elaborado, a Celpe enviou documento onde cobrava vinte mil e quinhentos reais para executar uma obra que era de sua responsabilidade.  Diante de tal absurdo, procuramos  o prefeito Evilasio Araújo que de imediato, designou o Senhor Carioca, para tentar reverter a situação e redigi-o pessoalmente um oficio, informando a Celpe, que a Associação estaria entrando com uma ação na justiça, se a reversão não acontecesse. 
No ultimo fim de semana, o trabalho foi concluído, foram acrescentados mais cinco postes alinhados corretamente como foi solicitado  e um transformador de quinze KVA, medida que soluciona as frequentes quedas de energia. A associação junto a comunidade, agradece ao Secretario de apoio Zeca, ao  amigo Carioca, ao prefeito Evilasio e o vice Lero, pelo empenho para solucionar o problema. Agora aguardamos a conclusão da praça com o monumento e a construção do espaço cultural, que foram priorizados no orçamento participativo, obras que vão mudar significativamente a cara da nossa comunidade, avançamos  muito, mas não podemos deixar de cobrar e assim construirmos juntos um futuro melhor, pontuou Geraldinho, presidente da associação dos Agricultores turismo e cultura  da comunidade de serra dos bois.  

terça-feira, 30 de abril de 2013

Inesquecível tia Lili



                         



                       

Em pé, um dos netos, e os filhos Francisco, Duda, Etelvina, maria Cristina e Adolfo 
Sentados, a nora Luzia, tia Lili ao centro e o genrro Givaldo


Tia Lili, ou Maria Aragão da Cunha, nasceu em 16/10/1915 e faleceu em 03/03/2013. Filha de Aleixo da Cunha Porto, nosso Pai Aleixo e Esmeraldina Maria Aragão, Mãe Mera.
 Tia Lili nasceu e foi criada em Serra dos Bois. Casou-se com Abdias Ludugero da Cunha, filho de Ludugero Aleixo da Cunha Porto e Maria Zita. Tio Abdias, era o caçula da família.
No início da vida em comum Abidias e Lili sofreram muitos percalços, devido à seca e às condições difíceis do nosso torrão. Mesmo assim, o casal teve os seguintes filhos: Esmeraldina, José, (Duda) Francisco, Etelvina, Maria, Aleixo, Idelfonso, Adolfo e Joaquim.
Quando jovens o casal gostava de dançar forró. Tia Lili nos contava que quando anoitecia dava a ceia aos meninos, leva-os para dormir e em seguida ela e o marido iam para o forró, fosse onde fosse a festa. Dançavam a noite toda e voltavam para casa, tomavam o café e iam para o roçado trabalhar, porém um dia uma de suas filhas lhe chamou a atenção dizendo:
- Mãe, a gente sabe que a senhora e papai nos deixam sozinhos e vão para o forró. A gente também quer ir.
Desse dia em diante, nunca mais eles foram ao forró sem a companhia dos filhos. Assim, se ficássemos aqui lembrando todas as boas estórias de tia Lili e de tio Abidias nunca mais pararíamos de escrever. Este casal foi muito importante para nossas vidas e para Serra dos Bois.
Serra dos Bois, com o passar do tempo fica mais pobre, pois perde pessoas como tia Lili. Ficamos órfãos, porque tia Lili não era a mãe só de Joaquim, de Francisco de Etelvina, de Duda, de Aleixo, de Adolfo de Maria, de Idelfonso e de Joaquim. Ela era mãe de todos os que nasceram e se criaram em Serra dos Bois de nossa geração. Ela viveu sempre com um sorriso gostoso e uma alegria imensurável de lutar. É a lembrança de uma pessoa alegre, companheira e amiga que tia Lili nos deixa como legado.
 Algumas vezes tia Lili e tio Abdias visitaram a cidade do Rio de Janeiro, onde eram bem acolhidos pelos seus filhos: Joaquim, Etelvina, Francisco, os sobrinhos, sua irmã tia Mercês e seu cunhado Antonio Ananias de Farias.

A família carioca foi crescendo e surgiram os netos: Fernando, Marcelo e Fred; depois os bisnetos: Brenda e Ana Bela, filhas de Marcelo e Pedro, esse filho de Fernando, todos descendentes de seu Miguel Severino, pessoa muito amada que também deixa muita saudade, um vazio para o povo do sitio Bandeira, município de Barra de São Miguel, e, também de Taquaritinga do Norte. Ocorre que sítio Bandeira uma parte pertence à Paraíba e outra a Pernambuco.

Quando chegava ao Rio de Janeiro tia Lili ficava encantada com os netos e os bisnetos, mas nunca deixava de pedir ao seu filho, Joaquim, que a levasse de volta à Serra dos Bois. Dizia ela:
- meu filho, preciso voltar à minha terra para cuidar de Maria – muita gente me espera lá. Sinto muita saudade de vocês, mas só posso morrer em Serra dos Bois.
Assim, durante anos nos acostumamos com a presença de tia Lili, no Rio de Janeiro, em Serra dos Bois e Caruaru, onde moram seus filhos Duda e Etelvina, porém como ela queria, seus últimos dias foram vividos em Serra dos Bois, entretanto, no dia três de março de 2013, ela foi sepultada em Gravatá do Ibiapina, ficando sobre os cuidados e a proteção de Nossa Senhora da Conceição, de quem tia Lili era muito devota.

Por: Antonio Martins de Farias