sexta-feira, 13 de dezembro de 2013

Adélia


                    






Adélia, filha de Manoel Ludugero da Cunha e dona Áurea, teve como missão em Serra dos Bois: trabalhar. Só se via Adélia trabalhando ou indo à labuta. Ela gostava de pedir muitos favores às crianças, mesmo sem gostar delas. Adélia não gostava da gente quando éramos crianças, pois não dava-nos doce nem balas. Só abria exceção quando tinha missa em Gravatá ou depois em Serra dos Bois, com a construção da Igreja de São Pedro.
Durante muitos anos ela morou em Serra dos Bois; após se casar-se com Amaro Bernadino, velho romântico do lugar, Adélia foi residir no Bandeira; mesmo assim nunca deixou de andar em sua terra natal.
Qualquer um podia encontrar-se com Adélia, entretanto, era um luxo para quem a conhecia. Para um desconhecido tal encontro exigia um pouco de coragem, pois de longe, sem saber o que era a gente corria de medo. Fato é que Adélia andava tangendo uma jumenta que tinha uma orelha torta; tocando um chocalho e com um jumentinho atrás. Como após a viuvez Adélia só se vestia de roupa de cor preta; usava de umas tiras de pano sobre as pernas,  que chamávamos perneiras, além de um chapéu de palha bem grande, como um sombreiro mexicano. De longe parecia um espantalho ou mesmo uma alma penada que de vez em quando, para os corajosos, gostam de aparecer no corredor de Otávio Ramos e até a porteira de Pedro Lino. Passando deste ponto as almas só vão aparecer no corredor de seu Amaro França, hoje, onde fica o açude. Se bem que nas Areias, onde mora Margarida de Olívia, também tem almas penadas, principalmente atrás da parede de um açude velho.
Quando moça, temos notícias que era muito bonita, elegante e muito namoradeira. Ao contrário de sua irmã Native, que morreu solteira e só namorou Luiz França, seu único amor de sua vida.
Adélia se casou no mês de junho, ocasião que seus irmãos aproveitavam para rever Serra dos Bois. Foi um mês de festa: Bailes todos os dias, fogos e tudo mais.
Adélia, portanto, é uma pessoa que Serra dos Bois não esquecer e seu povo sente sua falta, desde o tempo que ela morar  na Eternidade.

Antonio Martins de Farias


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