quinta-feira, 22 de janeiro de 2015

A Troca dos Cachorros e o Tamanduá.




Perto de Gravatá do Ibiapina existiu um cidadão chamado Amaro Traquino. Ele criava uma vaca, uma porca, uma ovelha, uma cachorra. De cada espécie de animal ele criava uma. Era uma miniatura da Arca de Noé.
Certa ocasião sua cachorra deu cria e meu pai comprou dois filhotes de cão. Ambos nasceram de cor preta. Ficava difícil de saber quem era quem. Um era a cara do outro. Um filhote destinava-se ao Tio Nestor e o outro para nós. Em Serra dos Bois poucas casas criavam cachorro. É que muita gente temia que tais animais matassem as ovelhas e as cabras para comer. Somente lá em casa, na casa de Arnóbio e na casa de tio Abidias tinha cão, cuja finalidade era espantar as raposas e os gaviões para não comerem as galinhas e seus filhotes.
Meu irmão, metido a esperto, trocou os balaios. O cãozinho que papai escolhera para nós, foi para o balaio determinado para tio Nestor. Com o passar tos tempos o cão de tio Nestor virou um cachorro esperto, caçador, latia muito: um verdadeiro guardião da fazenda.
O cão que ficou conosco não latia nem caçava. Só comia angu. Depois que descobriu uma cachorra da fazenda Açude Novo não parava em casa. O nome dele era Leão. Só fazendo jus a tal quando estava diante de um alguidar de angu.
Para acabar com as visitas à fazenda Açude Novo, foi preciso apelar ao seu João Cazé, velho tropeiro e contador de magníficas estórias e causos. Com a mesma faca que cortava fumo de rolo, pegou o cão e o castrou. Com o passar do tempo Leão já nem se lembrada da cachorra da fazenda de seu Oliveira.
Meu irmão e eu gostávamos de caçar. Só que não tínhamos cão nem gato, pois o bichano que tinha lá em casa era muito bem tratado por dona Emília e por causa disso não saia do pé do fogão.
Foi tio Euclides, um amigo e caçador, que nos introduziu no mundo da caça. Ele possuía os seguintes cães: Possi, Jacaré e Peixinho. Peixinho perdeu-se na primeira noite que caçamos juntos na fazenda de seu Oliveira, precisamente na Serra Lavrada. Possi e Jacaré morreram de velhos, porém caçando. Estes merecem uma estatua numa praça a ser construída nas Barrocas.
Levávamos nosso Leão à mata só para passar vergonha. Ele não servia nem para enganar às Caiporas. Enfurecido com nosso cão, tio Euclides propor-nos o seguinte: quando os meus cães acuarem um tamanduá nós o pegamos e jogamos em cima de Leão, só assim ele cria coragem. Acordo feito. Acordo cumprido. Numa noite Jacaré acuou tal bicho. Quando chegamos perto nos defrontamos com um grande tamanduá. Era na serra das Gogóias. Conforme combinado jogamos o tamanduá em cima de Leão. Ele gemeu, gemeu! E vendo que ia morrer, pegou o bicho, jogou para la para car. Em poucos minutos o tamanduá estava morto. A partir desta noite Leão passou a ser um cão caçador e morreu em virtude de uma bola dada não sei por quem, para quem não sabe, a bola, é uma isca com veneno. Moral da história, Todos podem mudar para melhor, mesmo através da dor e do sofrimento. E não devemos julgar precipitadamente.
Vale reconhecer que a cachorra de Abdon era natural do sítio Gavião de Frei Miguelhinho. E foi levado à fazenda Açude Novo por intermédio de meu tio Lindolfo Ludugero, como um presente de gratidão ao amigo Abdon Pereira da Silva, um dos maiores vaqueiros da região.

Antonio Martins de Farias é Advogado e norte taquaritinguense.


domingo, 18 de janeiro de 2015

Mais uma conquista da AASB





                                 

Na ultima sexta feira dia 15, aconteceu na comunidade de serra dos bois, uma audiência publica onde foram discutidos os tramites para formação da comissão de acompanhamento do processo licitatório do projeto de abastecimento de agua simplificado na comunidade. Participaram da reunião, as representantes do prorural,  Maria oliveira e Joseane Guedes, o secretário de agricultura do município Júlio Cezar Pontes além dos diretores da associação dos agricultores e vários sócios,  a comissão foi formada pelos senhores José Etevaldo de Lucena e Geraldo Francisco Barbosa Filho representando a comunidade e Júlio Cezar pontes representando o concelho de desenvolvimento rural sustentável de Taquaritinga do norte. Como sempre, o secretário Júlio Cezar, destacou a importância do projeto para a comunidade uma vez que trata-se de captação de água, esse liquido precioso e cada vez mais raro em nossa região, também colocou-se a disposição para colaborar no que for possível mostrando seu compromisso com o desenvolvimento rural, a comunidade reconhece o empenho e a dedicação do secretario, que mesmo com recursos mínimos e quase sem estrutura! vem conseguindo apoiar os agricultores do município.


Escrito por: Geraldinho.
As opiniões descritas nesta postagem, são exclusivamente de responsabilidade do autor.
 












sexta-feira, 16 de janeiro de 2015

Os Riachos



         Roberto Carlos já cantou O Cajueiro, com grande sucesso. Luiz Gonzaga gravou O Juazeiro, música que compõe um dos melhores acervos musicais brasileiro.
         Eu há muitos dias, ando encafifado, pois não aparece inspiração para escrever sobre Serra dos Bois. Vocês leitores, terão que me perdoar, pois já falei quase tudo sobre Serra dos Bois. De Abdon a Pedro Lino, já me ocupei. Não deixei ninguém de fora, a não ser aqueles que não me considerei apto para tal ofício. E falta muita gente, cabendo à juventude tal incumbência.
         Por mais amor que dedicasse à Serra dos Bois sabia que acabaria cometendo uma injustiça: cometi. Esqueci-me dos riachos, dos regos e dos barreiros. Quanto aos regos estes curtos como "lençol de porco" desembocam nos riachos que por sua vez levam as águas para os rios e estes para o mar. Quando outro circulo recomeça, como a vida.
         Já os riachos são cheios de histórias. Quem não se lembra de uma história que aconteceu às margens de um riacho "que jogue a primeira pedra". Era nas areias dos riachos, à sombra das quixabeiras, que nós escrevíamos o nome de nosso amor. Se não fosse o vento até hoje, constava o nome dela/dele inscrito sobre a areia. A história, o vento levou. E o amor se acabou, sem culpa do riacho, é claro, mas do tempo.
 Cada riacho tem um ou vários nomes. Cabe a cada um chamar como queira. Eu os assim denominei: o Riacho de Arnóbio, que nasce nas Areias, passa pelo açude de Aleixo Porto, pela cacimba das Trinta e Duas, esparrama-se pela Capoeira de seu Oliveira e desemboca no Riacho de Pedro Lino, que nasceu para dividir a Paraíba de Pernambuco, pelos lados do Bandeira.Tendo como destino aguar os pés de cajueiro de Aleixo Joaquim, adubar o roçado de Aleixo Chico e andar até chegar ao encontro com seu irmão:Riacho de Arnóbio.
 Uns têm caminho mais longo outros mais curtos, como é o caso do Riacho do Açudinho, que nasce no caminho da fazenda Lagoa do Canto e termina na manga de seu Oliveira.
Também o Riacho do Cercado Grande, nascido nas Lages, de tio Manoel Ludugero, passando pelas terras de Aleixo Joaquim, pelo roçado de tio Abidias, desembocando no Riacho do Açudinho cujo destino é o Riacho da Tapera, que como se sabe, nasce na manga de seu Agnelo Pedrosa e adjacências e termina em Santa Cruz do Capibaribe, quando despeja suas águas no Rio Capibaribe seguindo o caminho tão bem descrito por João Cabral de Melo Neto, em suas poesias.




Antonio Martins de Farias é Advogado e norte taquaritinguense.

domingo, 11 de janeiro de 2015

Comunicado importante



                            

A diretoria da Associação dos agricultores de Serra dos Bois, através do seu presidente Adão Aragão Pontes, convida todos os sócios e a comunidade em geral, para participar da reunião preparatória e formação da comissão de acompanhamento do processo de licitação do projeto de abastecimento de água simplificado em nossa comunidade, a reunião acontecerá na  próxima sexta feira dia 16, as 09:hs e 30 minutos da manhã,  na sede da associação e contará com a presença dos gestores  do prorural UGT Caruaru, vale salientar que, os recursos já estão disponíveis na conta corrente da associação, resta apenas ser licitado para a obra ser executada. Contamos com a presença de todos, a sua presença, é de fundamental importância para o fortalecimento da associação.

Antecipadamente: A diretoria da AASB. 

quinta-feira, 8 de janeiro de 2015

Uma história de Natal de quem nasceu no cariri pernambucano





Era uma tarde quente. Em Serra dos Bois, Taquaritinga do Norte, PE, o sol espalhava fogo como naquelas histórias de terror que nossos pais nos contavam para forçar a chegada do sono. O dia pareceu normal, nada de extraordinário aconteceu que chamasse a atenção de quem quer fosse. Pela manhã soltaram-se os animais para que eles fossem campear, procurando comida e abrigo. No fim do dia as cabras, as ovelhas e as vacas voltaram para seus currais, para passar mais uma noite remoendo e deixar os caroços de embu pelo chão.Os papagaios passaram pela manhã e voltaram à tarde, cantando com alegria.

Logo após o jantar Otília, iniciou uma costura. Com sua máquina de costura branca de manivela dava inícios ao vai e vem das agulhas e amarrando com linhas; fechando e abrindo, cortando e acertando detalhes que só uma boa costureira sabe fazer. No final dava em alguma peça, podendo ser para criança ou para adulto.

Ocorre que aquele dia era diferente. Ninguém falou para mim que ele não podia adoecer em dia de Natal. Mas adoeci; de repente senti uma febre, daquelas que nem chá de quina quina curava.
Quando anoiteceu já dormindo, suado e com frio, fui acordado por Bi, minha vó. Ela me vestiu com aquela roupa que acabara de fazer e ao entregar como um presente disse-me:

- Antonio, hoje é dia de Natal, dia que comemoramos o nascimento do Filho de Deus, que veio para perdoar nossos pecados.

Aquelas palavras e a roupa vermelha que me dera foi o remédio para a doença que estava sofrendo. A febre passou. Parei de suar e de sentir frio e aquela noite foi a que melhor dormi. Ficando em minha memória como o melhor Natal de minha infância.


Antonio Martins de Farias
é Advogado e norte taquaritinguense.
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