segunda-feira, 27 de junho de 2011

Muita semelhança

Geraldo de Arnóbio

Muitas vezes falar ou escrever para determinado grupo de pessoas ou de certos personagens é muito difícil. E lembrar-se de Geraldo de Arnóbio é ao mesmo tempo alegre e triste. Alegre porque ele foi o melhor amigo e triste porque ele já se foi para o Céu.  Para o Céu porque se nosso Geraldo de Arnóbio não foi escolhido para estar ao lado direito de nosso Pai, ninguém mais estará perto de Deus. Geraldo de Arnóbio nasceu de uma família de seis filhos. Ele não cresceu, foi um adulto com jeito de criança. Trabalhou arduamente por toda sua vida. Nunca namorou, mas entendia de amor platônico como Platão. Sonhava com uma bela noiva passeando, em uma noite de lua cheia nas areias e dormindo numa rede armada embaixo de um pé de juazeiro.
Não existiu tempo ruim para nosso querido Geraldo de Arnóbio, ele sempre sorria, mesmo quando estava chorando. Eu, agora, começo a encher meus olhos de lágrimas só por lembrar-me dele. Seu jeito de ser e de sofrer parecia que estava nos dizendo que a vida vale a pena, apesar dos sofrimentos que nos impõe. Era corajoso, não tinha medo de almas, andava sozinho à noite por todos os cantos. Era servidor e amigo.
Certa vez, pretendendo assustá-lo, fizemos uma cruz; vestimos uma roupa velha nessa cruz e a expusemo-las à beira da estrada que ele ia passar. Fizemos uma espécie de face humana e acendemos uma vela. À distância a cruz com a vela acesa parecia uma bruxa. Ficamos de tocaia e ele se aproximou, sorriu e foi embora caminhando como se nada tivesse acontecido. Geraldo de Arnóbio é meu primo predileto e amigo de todos. Serra dos Bois terá sempre orgulho de ter um filho como nosso Geraldo de Arnóbio.

Antonio Martins de Farias

quarta-feira, 22 de junho de 2011

sexta-feira, 17 de junho de 2011

Cacimbas, fonte água de serra dos bois

As cacimbas

A palavra cacimba tem o sentido de fonte de agua potável. Devido à seca o nordestino teve que encontrar alternativas diversas para sobreviver. Antes da tecnologia dos poços artesianos que, diga-se de passagem, é recente, o povo se socorria das cacimbas para beber um pouco de água; geralmente salobra ou salgada que chegava a cortar sabão. Cortar sabão aqui tem o significado de não sair espuma do sabão e que por isso não limpava a roupa.

Em Serra dos bois muitas cacimbas existiram: a cacimba das trinta e duas, que foi cavada por tio Zé Ananias, a cacimba do Açude Novo, a cacimba das Barrocas, a cacimba de seu Severino Malaquias. Sem falar na cacimba do olho d’água, que ficava encalhada entre serra Lavrada e a de Manoel Manso. E por último a cacimba de Luiz França.No inverno,a serventia delas era quase nula, porém no verão seu valor triplicava. A limpeza geralmente era feita em mutirão. Em um determinado sábado se reuniam os homens que, contando vantagens e mentiras ou relatando casos de amor não correspondido, ia fazendo a limpeza. Paredes de lamas se erguiam.E à noite já era possível ver água jorrando e o gado bebendo nos cochos de barriguda ou de imburana. Até os jumentos sem donos eram socorridos. Sempre aparecia um samaritano que lhe dava água. Certa, noite estávamos em frente da cacimba de Luiz França, quando avistamos um homem, vestido com a farda ou uniforme da banda de música de Gravata, andando em direção às Barrocas. Quando ele abriu a porteira – sumiu – na hora descobrimos que naquela cacimba até almas apareciam. Assim como os humanos as cacimbas têm uma espécie de alma, elas não podem ficar esquecidas, pois foram palco de muitas histórias, muitas mentiras gostosas de ouvir, e epicentro de muitos amores que à beira de uma cacimba nasceram e morreram - como a vida. Viva as cacimbas de Serra dos Bois!
por: Antônio Martins

terça-feira, 14 de junho de 2011

35ª CHEGADA DE LENHA - Serra dos Bois

Festa de São Pedro - Serra dos Bois


FESTA DE SÃO PEDRO
Sítio Serra dos Bois
Taquaritinga do Norte – Diocese de Caruaru – PE
De 30 de junho a 03 de julho de 2011


“SÃO PEDRO, COLUNA DA IGREJA”
            Você é convidado com sua família a expressar a unidade de 30 de junho a 03 de julho de 2011, por ocasião da Festa do Padroeiro, em sintonia com a Igreja e com a Diocese.

terça-feira, 7 de junho de 2011

Uma homenagem mais que justa

Joãozinho Aboiador é homenageado no São João na Terra das Dálias


A Prefeitura de Taquaritinga do Norte sempre mantendo a tradição e resgatando a cultura do nosso povo divulga oficialmente a programação do São João 2011. Que este ano homenageia o grande poeta e forrozeiro “Joãozinho Aboiador”. 
Entre os dias 11 e 30 toda a Dália da Serra se transformará em um grande arraial com quadrilhas, muito forró pé de serra, bacamarteiros, bandas de pífanos, fogueiras, balões e muita animação.
Fonte: sulanca news

sexta-feira, 3 de junho de 2011

Uma família sem descendentes

(Amaro Isídio)

Antônia (Tonha Isídia)
(Floro Isídio)
ISÍDIO A FAMÍLIA
O princípio da oralidade teve seu valor e ainda tem espaço entre nós, porém é preciso escrever os fatos para que futuras gerações possam tomar conhecimento deles. E a família Isídio é um fato que merece registro. Esta família tem uma importância fundamental na formação intelectual de Antonio e de muitas pessoas que nasceram em Serra dos Bois, em Taquaritinga do Norte. E como dizia Otília, vovó de Antonio “tem coisas que só Deus explica”. Assim é esta maravilhosa família.
Contam que um belo dia chegou a Serra dos Bois um casal com três filhos; dois homens e uma mulher. Inicialmente, fizeram um barraco à beira da estrada que vinha e ia-se ao Riacho de Santo Antonio, perto da casa de Manoel Joaquim. Depois, com o passar dos anos os pais faleceram. Ficando Antônia, Amaro e Floro que foram morar na fazenda Lagoa do Canto, de propriedade de seu Severino Malaquias, pai de nosso saudoso padre Jonas.
Amaro, Antônia e Floro construíram suas vidas em Serra dos Bois. Acabaram incorporando-se à família dos Aleixos, fundadores d sitio Serra dos Bois.
Antonia, Amaro e Floro foram queridos por todos. Antônia foi uma eximia dançarina de forró e muito namoradeira, embora não se casou. Talvez por dançar e namorar bem os homens tivesse medo dela. Floro foi um grande limpador de roçado e, por último, Amaro foi um grande sábio e profeta.
Quem teve a oportunidade de ouvir e prestar atenção no que Amaro Isídio falava aprendia muito, porque Amaro nunca freqüentou a uma escola, mas sabia como a vida era e tinha de ser.
O autor, desde logo, explica que ao afirmar que Amaro Isídio foi sábio e um profeta não estar sendo irônico ou fazendo pouco caso da maravilhosa pessoa que fora nosso amigo Amaro Isídio. Considera Amaro Isídio como um profeta ou sábio é constatar que ele possuía forma de se expressar que só intelectual e filósofo poderia compreender. Amaro Isídio recebia, sem saber, iluminação e inspiração de Deus ou de um mestre qualquer, pois usava e abusava de metáforas.
E como se sabe: metáfora era a linguagem que Jesus usou para se comunicar com os sábios do Império Romano. Um exemplo: “a Cesar o que é de Cesar”.
 Numa casinha muito aconchegante à beira da estrada em direção à casa de seu Marreca morava a família Isídio. Quem visitava esta família tinha o privilégio de saborear um gostoso café feito no capricho por Tonha. Se Tonha não oferecesse o delicioso café era porque faltava pó e açúcar; fato comum na casa de pobres do nordeste. Quando um nordestino recebe uma visita e não oferece café ou comida é porque não tem. E se você for convidado para comer na casa de um nordestino coma, pois ele ficará muito magoado se você o rejeitar. Quem segue essa regra à risca é Adelson de Joaninha Marreiros.
Ninguém sabe qual a origem da família Isídio; uns diziam que eles vieram de uma região chamada Mata Virgem no sertão da Paraíba. Virgem como Amaro, Antonia e Floro foram. Virgem Maria, rogai por eles!
Antônia, por ser muito namoradeira, às vezes, tomava um namorado de outra moça em Serra dos Bois ou das Barrocas e do Bandeira podia-se atribuir alguma desavença, porém tudo acabou em angu. A família Isídio acabou. Antonia, Amaro e Floro não se casaram e virgem morreram, não deixando filhos nem herdeiros para seus legados.
Amaro sabia que para deixar filhos neste mundo tão cruel como planeta Terra era preciso ser louco e Amaro Isídio sempre teve muito juízo. Um juízo que as pessoas normais não têm.
Amaro, Antonia e Floro não deixaram fortuna, mas um legado ao  povo de Serra dos Bois: a honestidade.

Por: Antonio Martins de Farias