Nascido e
criado em Serra dos Bois deixei de conhecer coisas que não poderei mais saber
como eram, pois algumas se acabaram; outras foram modificadas, mudaram de lugar
ou mesmo perderam suas características iniciais. Exemplo: o Cercado das Lages,
de propriedade de tio Manoel Ludugero, que sempre ouvi falar, sem nunca ter ido
lá.
Outra coisa
que nunca fiz: entrar na casa de Manoel Joaquim. Mesmo tendo visitando-a muitas
vezes, só me restando a varanda. Morria de curiosidade e de vontade de tomar um
café com Manoel Joaquim e Maria, que formavam um casal muito lindo, lindo
mesmo. Os dois gostavam de andar, de passear e ir à missa na igreja de Serra
dos Bois. De longe, a gente avistava aquele casal, vindo bem devagarinho,
devagarinho como o vento em tempos de verão, mas chegavam ao destino. Todos
tinham muito respeito para com Manoel Joaquim e Maria. Manoel Joaquim, por
trabalhar muito e acordar cedo só andava dormindo. Em qualquer lugar que se
encostasse pegava no sono.
Devia ser
muito gostoso morar onde Manoel Joaquim morava. Bastava só ouvir o cantar da
juriti, no alto das árvores; ouvir, ao amanhecer e ao anoitecer os mocós, lá em
cima do serrote, atrás da casa de Mãe Zita.
Outro lugar
que nunca entrei foi na casa de seu Zé Ramos, hoje, de Otávio Ramos, embora
passasse muitas vezes pelo terreiro. Nunca fui ao roçado de Aleixo Chico,
principalmente, na parte que ficou para tio Abdias. Morria de vontade de subir
no pé de imbu que tinha lá dentro, mas tinha medo, pois nunca fui convidado.
Talvez, por isso, sempre sonho rondando aquele pedaço de Serra dos Bois.
Na fazenda
Açude Novo tem um lugar chamado de Agave. Morro de vontade de ir até lá, pois
nunca tive esta oportunidade quando criança ou mesmo como adulto de conhecer mais
uma parte de Serra Lavrada e a Serra de Manoel Manso. Uma vez estive no topo da
Serra de Manoel Manso, com padrinho Geraldo. Na ocasião estávamos procurando um
jumento que sumiu. O que achamos foi um pé de coco catolé, com um cacho inteiro
já maduro: oh! Coisa gostosa!
Assim, vejo
como ainda me falta conhecer os
mistérios de Serra dos Bois.
Antonio
Martins de Farias
Otávio Ramos, meu amado avô.
ResponderExcluirQue honra ser neta deste homem.
Obrigado Vitória. Seu avô é realmente uma pessoa especial e tenho por ele grande respeito e admiração. Assim para com toda sua família, que é a minha também. Afinal Otávio Ramos é parente bem próximo de todos os moradores de Serra dos Bois, lugar do qual sou filho.
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