sexta-feira, 13 de dezembro de 2013

Mistérios De Serra dos Bois.


                              

Nascido e criado em Serra dos Bois deixei de conhecer coisas que não poderei mais saber como eram, pois algumas se acabaram; outras foram modificadas, mudaram de lugar ou mesmo perderam suas características iniciais. Exemplo: o Cercado das Lages, de propriedade de tio Manoel Ludugero, que sempre ouvi falar, sem nunca ter ido lá.
Outra coisa que nunca fiz: entrar na casa de Manoel Joaquim. Mesmo tendo visitando-a muitas vezes, só me restando a varanda. Morria de curiosidade e de vontade de tomar um café com Manoel Joaquim e Maria, que formavam um casal muito lindo, lindo mesmo. Os dois gostavam de andar, de passear e ir à missa na igreja de Serra dos Bois. De longe, a gente avistava aquele casal, vindo bem devagarinho, devagarinho como o vento em tempos de verão, mas chegavam ao destino. Todos tinham muito respeito para com Manoel Joaquim e Maria. Manoel Joaquim, por trabalhar muito e acordar cedo só andava dormindo. Em qualquer lugar que se encostasse pegava no sono.
Devia ser muito gostoso morar onde Manoel Joaquim morava. Bastava só ouvir o cantar da juriti, no alto das árvores; ouvir, ao amanhecer e ao anoitecer os mocós, lá em cima do serrote, atrás da casa de Mãe Zita.
Outro lugar que nunca entrei foi na casa de seu Zé Ramos, hoje, de Otávio Ramos, embora passasse muitas vezes pelo terreiro. Nunca fui ao roçado de Aleixo Chico, principalmente, na parte que ficou para tio Abdias. Morria de vontade de subir no pé de imbu que tinha lá dentro, mas tinha medo, pois nunca fui convidado. Talvez, por isso, sempre sonho rondando aquele pedaço de Serra dos Bois.
Na fazenda Açude Novo tem um lugar chamado de Agave. Morro de vontade de ir até lá, pois nunca tive esta oportunidade quando criança ou mesmo como adulto de conhecer mais uma parte de Serra Lavrada e a Serra de Manoel Manso. Uma vez estive no topo da Serra de Manoel Manso, com padrinho Geraldo. Na ocasião estávamos procurando um jumento que sumiu. O que achamos foi um pé de coco catolé, com um cacho inteiro já maduro: oh! Coisa gostosa!
Assim, vejo como ainda me falta conhecer  os mistérios de Serra dos Bois.


Antonio Martins de Farias

2 comentários:

  1. Otávio Ramos, meu amado avô.
    Que honra ser neta deste homem.

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  2. Obrigado Vitória. Seu avô é realmente uma pessoa especial e tenho por ele grande respeito e admiração. Assim para com toda sua família, que é a minha também. Afinal Otávio Ramos é parente bem próximo de todos os moradores de Serra dos Bois, lugar do qual sou filho.

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