sexta-feira, 17 de maio de 2013

LEMBRANÇAS DAS FAZENDAS




Parece estranho se sentir saudade daquilo que nunca nos pertenceu. Não nos pertenceu do ponto de vista jurídico material ou econômico, mas as fazendas têm um valor histórico e cultural que deve ser lembrado e guardado para futuras gerações. Assim, anima-nos a relatar fatos referentes às fazendas que fazem fronteira com Serra dos Bois.
A fazenda Lagoa do Canto, de seu Severino Malaquias, cujo vaqueiro mor foi José Ananias de Farias, carinhosamente conhecido por Zé Ananias, nos fez muito bem. Ajudou-nos a construir valores que nunca se apagarão de nossas memórias. Na fazenda Lagoa do Canto, existia, por exemplo, uma cacimba que quando nas épocas de seca se tirava água para os animais não morrer de sede. Foi na fazenda Lagoa do Canto, que  Pe. Jonas, filho de Taquaritinga do Norte, passou boa parte de sua infância, pois todo inverno rigoroso na serra de Taquaritinga, obrigava aos seus moradores passar uns dias no cariri e curtir suas belezas.
Na fazenda de Chico Elói, mais tarde de Dr. Osair, ex-prefeito de Vertentes, também teve um passado muito bom que, portanto, deve ser lembrado. Cada fazenda tem um vaqueiro. Cada vaqueiro tem sua história. A fazenda de Chico Elói seus vaqueiro costumava ser sisudos, não gostando de muita conversa ou de fazer amizade com os vizinhos; se fechavam nas porteiras da fazenda e para eles não existia outro mundo. Como toda regra tem exceção tivemos seu Bau, cujo nome verdadeiro deve ter sido Severino. Seu Bau recebia todos em sua casa e sua família era muito unida. Luzinete, sua filha, foi aluna de Silva Borges e muito amiga da família de seu Nestor Borges. Nas épocas de São João, nós crianças íamos com nossos pais à fazenda de Chico Elói, quando seu Bau era vaqueiro comer pamonha e dançar forró ouvindo as rádios de Caruaru ou de Campina Grande, num velho rádio. O Autor desta história, quando criança, chegou a tocar em seu pé de bode, ou em seus oitos baixos, na casa de seu Bau. Só tocava uma música: Juazeiro, de Luiz Gonzaga, mesmo assim o pessoal dançava. Seu Genésio, outro vaqueiro muito amigo, e vaqueiro da fazenda do Poço, de seu Ismael, ex-prefeito de Barra de São Miguel, também alegrava o povo contando boas piadas de salão. As noites de são João em Serra dos Bois e nas Barrocas eram animadas. Cada uma com seu jeito de ser.
A fazenda Açude Novo dispensa comentário, pois lá morava meu amigo Abdom Pereira da Silva, pai de Ivanildo, Iraci, Fátima, Antônia, José, Lindalva e Severino. Essa fazenda pertenceu à família Guerra a Deda Holanda, ex-prefeito de Taquaritinga do Norte. Sendo depois adquirida por seu Oliveira, fazendeiro rica cidade de Surubim, PE. Seu Abdom era um amigo do peito. Gostava de cachaça e pega do boi. Aonde tivesse uma vaquejada estaria Abdom e Ivanildo, seu escudeiro. Seu Oliveira não gostava de gastar ou investir em sua fazenda, mas a família Arruda e Pedrosa ajudaram muito ao povo de Serra dos Bois, Pedra Preta, Jerimum e sítios vizinhos, pois contratavam permanentemente trabalhadores para fazer cerca e carvão, limpar barreiros e construir açudes. Assim todos, de certa forma, contribuíram para se ter uma vida digna e honrada, pautada no trabalho e na honra do povo.
Vaqueiros históricos passaram pela fazenda Boa Vista, de Severino Arruda.  Odílio Borges, e Sebastião Cocó e seus filhos. Já a fazenda Lajedo, de seu Agnelo Pedrosa, teve um vaqueiro famoso chamado Augusto Ferraz, o homem a quem o boi Mulatinho obedecia. Restando a fazenda Maniçoba onde o mestre Alfredo Borges da Costa, fez sua história.
De vaqueiro e fazenda não falamos de todos, mas valeu pela lembrança de tantos personagens que nunca morrerão e nem sairão de nossas mentes.

Antonio Martins de Farias

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