Antigamente o
dia da eleição era uma festa. Em Gravatá do Ibiapina existia duas facções
políticas. Era esta bem dividida. De um lado se postava o grupo de Zé Pereira e
Antonio Cumaru, de outro o grupo de seu Mocinho, Amaro Galdino e Rozendo
Leandro, mas tarde aparece a liderança de Naelson Pessoa.
Na minha
família havia uma divisão política que causava, às vezes, alguns desentendimentos
passageiros, mas que acarretavam prejuízos irrecuperáveis. A exemplo: tia Nina
era eleitora de Miguel Arraes e o resto da família eleitora de João Cleofas. No
dia da eleição, os eleitores de Cleofas eram autorizados a almoçar no Hotel de
Elói. Dizia-se que teria carne de boi a vontade. Saímos de Serra dos Bois para
Gravatá do Ibiapina, num caminhão velho e ansiosos para comer carne, produto
raro na casa de pessoas com poder aquisitivo baixo. Acontece que no Hotel de
Elói, neste dia, o que nos foi servido foi um feijão queimado. A carne de boi
não apareceu. Depois do feijão queimado fomos tomar café com pão na casa de tia
Luiza.
Como a
rivalidade política era grande, não se podia descer muito à rua em direção à
casa de Zé Pereira nem da casa de seu Antonio Cumaru, porém menino tinha,
naquele tempo, carta branca para transitar por todos os lugares. Daí, entramos
na casa de seu Antonio Cumaru. E, para nossa surpresa a cozinheira era tia
Nina. Ela quando nos viu mandou-nos que sentássemos no funda da casa, ou
melhor, do quintal. Em poucos minutos tia Nina trouxe um prato de carte e muito
pirão para nós.
Papai e mamãe
votaram e perderam a eleição, pois João Cleofas não ganhou, mas eu ganhei um
prato de carne e outro de pirão que valeu por muitas eleições.
Antonio Martins de Farias:
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