Não há uma
versão oficial a respeito do sítio Bandeira, que tem uma parte pertencente ao
município de Barra de São Miguel, PB, e outra à Taquaritinga do Norte, PE. Contava-nos
uma história no sentido de que com a libertação dos escravos, pela Princesa
Izabel, o Sr. Ludugero Aleixo da Cunha Porto, doou como recompensa, ao seu
escravo Adelino, o terreno no qual se acha o sítio em questão. Não há nada oficial
nesta afirmação. Assim também aconteceu com o sítio das Barrocas, que foi doado
pelo mesmo senhor ao seu ex-escravo João Borges da Costa. Que com seu trabalho
construiu tudo que conhecemos ou sabemos a respeito daquele sítio amado por
todos nós.
Boa parte dos
moradores do Bandeira é descendente do senhor Adelino, ex-escravo e de origem
africana. Ele foi o patriarca de nossos conterrâneos bandeirasses. O Sr.
Adelino Deixou os seguintes filhos: Felipe Adelino, Bernadino Adelino, pai de “Chá”
e” Biroca”. “Neco” Adelino, João Adelino,
pai do sanfoneiro Cecílio, casado com Luzinete, filha de Maria Clara e Antonio
de Sinésio.
Não se sabe o
porquê do nome Bandeira. Talvez seja porque neste local existiu uma máquina de descaroçar
algodão. Sendo o vendedor da máquina em questão conhecido como seu Bandeira, cuja
origem era alagoana e muito conhecido na região, tenha influenciado tal nome. Àquela
máquina também chamada de bolandeira foi muito importante na época que o
algodão foi chamado de ouro branco do Nordeste.
O curioso é
que povo do Bandeira tem uma cultura própria; uma forma de falar diferente. O
falante no Bandeira emite uma sonoridade característica que só se ouve lá. Os moradores
do Bandeira possuem uma forma especifica de se divertir; gostam muito de forró
e de um bom bate papo. É um povo hospitaleiro e muito amigo.
É bom que se
diga que no Bandeira existem outras famílias. Famílias que adquiriram suas
propriedades e construíram suas vidas neste lugar acolhedor, mediante muito
trabalho e dedicação. Assim, pode-se destacar: Seu Zé Macambira; seu “Do Santo
Bernadino”; “Tura”; seu “Zuca”, pai de “Titi”; seu “Biu Quinca”; dona Joaninha
Marreiros, mãe de Adelson e Antonio de Sinésio, além de Artur Baixinho entre
outros.
Assim, podemos
lembrar-nos da família Bernadino, cujo líder de nossos tempos foi Doda
Bernadino, pessoa muito comunicativa, simpática e de excelente capacidade de
liderar; tendo sido inclusive vereador de Barra de São Miguel.
No Bandeira
também tem a família Severino, quando o patriarca foi o senhor Manoel Severino,
que deixou os filhos Amaro Severino, Miguel Severino, Pedro Severino e Eufrásio
Severino e dona Raimunda, esposa de seu “Zé Macambira”. Seu Amaro Severino chegou a ser uma pessoa
rica, para a região, tendo, inclusive, influência política. Porém, o que
queremos nesta oportunidade é lembrar-se de Seu Miguel Severino Pereira. Pessoa
muito importante e um pai de família exemplar. Seu “Migue Severino”, como era
chamado nasceu e se criou no Bandeira, casando-se com dona Maria Anunciada de
Jesus, cuja naturalidade é da cidade de Bom Jardim, no estado de Pernambuco.
Dona Anunciada era filha de Jerônimo Tomás da Silva e Maria Filomena Alves.
Acredita-se serem seus ancestrais também de Bom Jardim, PE. O casal Miguel
Severino e Anunciada teve os seguintes filhos: Maria Materna, Angelita,
Carmelita, Maria do Socorro, Vivina, Eliane, José, (Dudé que morou alguns anos
no Rio de Janeiro, aonde fez muitos amigos e deixou saudades); Antonio Severino
e Auristela. Vivina casou-se com Francisco Abdias da Cunha, de Serra dos Bois e
mora no Rio de Janeiro, construindo uma família maravilhosa. A família de
Vivina é composta por Fernando, Marcelo e Fred e as netas Brenda, Ana Bela,
filhas de Marcelo; e Pedro, filho de Fernando.
O autor desta
pequena pesquisa possui muitas lembranças sobre o Bandeira e seus habitantes. Não
obstante, sobre seu Miguel Severino guarda poucas recordações, devido serem de
gerações diferentes, porém tem uma admiração especial pelo senhor Miguel que
sempre demonstrou ser uma pessoa muito educada; que possuía como caraterística um
sorriso gostoso e muita educação e respeito pelas pessoas que conviviam com ele
e sua família.
Seu Miguel
Severino gostava de caçar e era considerado o maior matador de mocó na região,
segundo informações passadas em segredo ao autor desta, que respeita a fonte. E,
parecem verdadeiras tais informações, pois muitas noites, seu Miguel Severino
passava por Serra dos Bois em direção à manga de seu Agnelo Pedrosa com o
intuito de caçar. Às vezes, para esperar a lua nascer, ele acordava um vizinho
e tomava um café, para depois de meia noite se embrenhar pela mata e concluir
suas caçadas. O mais curioso é que sua volta nunca era percebida. Talvez para
não mostrar quantos mocós pegou ou se voltava de bornal vazio, afinal temos o
seguinte ditado: “Um dia é da caça e outro do caçador.”.
Outro morador
ilustre do Bandeira foi seu Antonio de Sinésio. Não se sabe ao certo sua
origem. O que se conhece é que ele foi marido de Maria Clara, filha de Pedro
Lino e tia Clara, moradora de Serra dos Bois. A união de Maria Clara com Antonio
de Sinésio gerou a “Família de Maria Clara”, ou seja, Luzinete, esposa de
Cecílio de seu João Adelino, Maria Gorete, que mora em Recife; Reginaldo que já
faleceu e morou no Bandeira e em Serra dos Bois; Pedro e Ivonete, esta moradora
de Recife, tendo sido aluna de Silva Borges, nas Barrocas.
O casamento de
Antonio de Sinésio e Maria Clara chegou ao fim. Antonio de Sinésio constitui
união com Otília, de seu Zé Ramos, também de Serra dos Bois e teve muitos
filhos.
Quando criança
o autor desta pequena lembrança do Bandeira levou uma carreira de Antonio de
Sinésio. Quando ele armava quixó ou mundéu para pegar gato maracajá ou até
mesmo alguma raposa vadia. Criança, não sabe o que faz e achava bonito ver o
desarme da pequena invenção. Acontece que um dia, seu Antonio de Sinésio se
escondeu no mato e quando o Autor desta passava desamando os quixós gritou:
- Por que,
você desarma os meus mundéus?
Aquela voz
vinda e ouvida do mato e estrondosa foi o suficiente para uma boa carreira. Do
Alto da Janela a sua casa. O pobre menino levou apenas cinco minutos. Chegou
todo cheio de espinho e todo arranhado pelos galhos das juremas e macambiras.
Assim, de
lembranças em lembranças vamos vivendo e recordando de pessoas que nos deixam
saudade.
Escrever sobre
o povo do Bandeira é de enorme responsabilidade, afinal tudo que se diga desse
maravilhoso lugar e sua gente é pouco. Mesmo assim, vale a pena arriscar, pois
quiçá que outro curioso tenha mais história para escrever a História do
Bandeira que seu povo mereça.
Antonio
Martins de Farias