sexta-feira, 26 de agosto de 2011

Zé vicente




Corre na boca do povo uma parábola que é mais ou menos assim: um homem era muito apegado a terra, ou seja, não saia de jeito nenhum do lugar. Deus preocupado foi aos poucos retirando alguma coisa deste homem. Primeiro tirou a mulher, depois um filho e nada do senhor se movimentar. Certo dia tirou a última vaca para ver se o homem se dava conta de que precisava se movimentar e conhecer outro mundo. Moral da história, às vezes Deus nos apronta, mas sempre com o propósito de nos ver crescer.
Assim, foi com seu Zé Vicente, Deus lhe deu uma grande mulher: Dona Severina que teve vários filhos e filhas; além do gosto por café. Maria, Amélia, Biusinha, Lurdes,Alice, Amaro, Inácio e Pedro, estas pessoas completaram a prole de seu Zé Vicente.
Deus lhe deu esta maravilhosa família, mas para compensar, o roçado era tão ruim que só servia para criar lagartixa, predadora de lacraia. As lagartixas servem para alguma coisa.
Seu Zé Vicente se comportava sempre muito educado; falava pouco e quando visitava alguém era por causa de uma doença grave ou quando se chegara a Serra dos Bois. Poucas vezes seu Zé Vicente foi visto em solenidade. Parece que gostava de caçar preá e gato maracajá nos serrotes; que em frente de sua casa eram abundantes. Devia armar muito quixó ou mundéu para pegar os desprevenidos os gordos preás,que no afã de um pedaço de palma, morriam com uma pedrada de um malvado quixó.Nos serrotes em frente de sua casa e os que ficavam na manga de Manoel Joaquim,que tinha muitos animais. As rolinhas cascavel e as juritis, completavam a festa. As onças também moravam nas locas de pedra ali. Tinha uma cobra que cantava, à noite! Também tinha almas no caminho da Lagoa do Canto. 

Durante 18 anos, só consegui me encontrar com seu Zé Vicente duas vezes: a primeira em 1963, quando meu avô foi acometido por um AVC, e ele foi lhe visitar, e a segunda quando ia ao Riacho de Santo Antonio, na companhia de Geraldo Francisco Barbosa, ou Geraldo de Zita, como ficou conhecido meu padrinho. Seu Zé Vicente ficou na minha memoria como um homem que falava pouco, mas sua lembrança e contribuição para Serra dos Bois foi inquestionável.

Por: Antônio martins.

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