segunda-feira, 23 de maio de 2011

SE EU FOSSE O BOI MULATINHO

bufalo touro



Se eu fosse o boi Mulatinho, há esta hora, estava passeando pelo Riacho da Tapera e comendo quixaba à sombra de um pé de quixabeira; dormindo um sono, ao meio dia, à sombra de um pé de juazeiro.

Se eu fosse o boi Mulatinho, há esta hora, estava andando em direção de Serra dos Bois, com o intuito de me encontrar com as vacas malhadas de seu Oliveira; e de volta à fazenda de seu Agnelo Pedrosa passar pelo Serrote do Maracajá para ouvir o cântico das seriemas e dos papagaios.

Se eu fosse o boi Mulatinho há esta hora à noite, ouvindo o assobio das caiporas no roçado de tio Bernardino, além de assistir a passagem do lobo guará em direção a serra de Manoel Manso, depois de saciar sua fome comendo os sapos das salgadas cacimbas e dos riachos.

Se eu fosse o boi Mulatinho, há esta hora, estava deitado como se estivesse numa rede vendo o sol se pôr e ouvindo o cântico das juritis nos pés de avelóz.

Se eu fosse o boi Mulatinho, há esta hora, ia bem devagarzinho, andando pelo corredor de Otávio, em direção ao Bandeira, para dançar a noite toda, um gostoso forró na casa de dona Jacinta ou na casa de seu João Adelino.

Se eu fosse o boi Mulatinho, há esta hora, ia à Pedra Preta assistir à novena de São José, na casa de Céu, pois quem sabe se só assim ia para o Céu?

Se eu fosse o boi Mulatinho, há esta hora, estava sentado à beira de uma fogueira de São João, comendo milho assado e batata doce; soltando fogos de milagres nos Céus de Serra dos Bois e mostrando ao Pai o quanto sou grato pela vida que ele me deu!

Se eu fosse o boi Mulatinho, há esta hora, estava agradecendo ao Pai por ter nascido em Serras dos Bois.  

Se eu fosse o boi Mulatinho, há esta hora, estava aqui sozinho no computador, escrevendo a saudade e plantando um bem que ninguém me tira: a saudade de Serra dos Bois!

Se eu fosse o boi mulatinho, há esta hora, estava sentado na sombra do pé de trapiá para ouvir o cão latir pedindo angu e Dina nem aí para ele. Dina não negue angu ao cachorro de Paulo.Se eu fosse o boi mulatinho, estava agradecendo a seu Augusto Ferráis  pelas orações feitas, para que, os vaqueiros não o pegassem, nas pegas de boi da fazenda de seu Aguinélo Pedrósa.
Por:Antonio Martins
     

Um comentário:

  1. Não tenho compromisso com o angu do cão. Só sinto muita saudade da sombra do pé de trapeá.

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