segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

O BODE


A cabra é considerada a fêmea do bode. O nome cabra também qualificava os companheiros ou capangas de Antonio Silvino e de Lampião. Em Pernambuco há uma expressão: “amarrar a cabra” significando embebedar-se; tomar um porre, encher a cara; coisa que se fará nos próximos dias com o advento do Natal e as festividades de Ano Novo.
A cabra é sagrada, pois produz leite e derivados para alimentar do povo nordestino. Leite de cabra faz bem à saúde; além de muito forte e gostoso. Toda família em Serra dos Bois, um dia criou uma cabra.
            João Joaquim e Manoel Joaquim emprestaram duas cabras para dar leite e criar os filhos de Hermes. Foi feito o seguinte acordo: para cada três cabritos que nascem um era de Hermes e dois de João Joaquim e de Manoel Joaquim. Assim de um em um Hermes formou uma pequena criação de cabras que se alimentavam dos avelós, das urtigas, das quixabas e alecrim, que com suas flores enfeitavam mais ainda a belíssima Serra Lavrada.
Os cabritos e cabritas de Hermes eram assinadas com os seguintes sinais: forquilha; mossa, levada e meio brinco e as de João Joaquim e de Manoel Joaquim com forquilha, mossa, levada, meio brinco e bico de candeeiro,se não estou enganado.
Hermes sempre inventava e certo dia ele descobriu uma raça nova de caprino. Era uma raça de cabra que tinha as orelhas bem compridas e davam muito leite. Descobriu, mais ainda, que perto do açude de Boqueirão, na Paraíba, existia um fazendeiro que vendia cabritos machos para reprodutor. Hermes chamou João Cazé, um tropeiro que fazia o transporte de cal do sítio Bonsucesso para Gravata do Ibiapina em seus jumentos. Foram a tal fazenda. Lá sendo bem recebidos, como é o costume dos paraibanos, e compraram um cabrito da tal raça de caprino. Este cabrito recebeu o nome carinhoso de Merinó.
Fato é que este cabrito foi crescendo e crescendo, mas só se interessava pelos cabritos e nunca pelas cabras. Hermes desconfiado do bode Merinó reuniu-se com João Cazé e chegaram à conclusão de que o bode Merinó era gay.

Colaborador: Antonio Martins

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