Atenção Serra dos bois e região, neste domingo dia 13 de Dezembro,
o advogado doutor Antônio Martins de Farias estará ministrando palestra na sede da
associação dos agricultores a partir das 14 horas, abordando a constituição brasileira e os direitos humanos, todos estão convidados para
esse momento de muito aprendizado, e a convite do presidente Adão Aragão, quem também estará presente será o secretário de agricultura Julio Cezar, que na oportunidade, apresentará alguns slides com informações sobre a convivência com a seca no semiárido, não percam.
quarta-feira, 9 de dezembro de 2015
quarta-feira, 28 de outubro de 2015
Convite
Convidamos todos os moradores de Serra dos Bois e região, no
domingo dia 08/11/2015 uma palestra com o Dr. Antônio Martins de Farias, a
partir das 15 horas, na sede da associação de agricultores de serra dos Bois,
que abordará um estudo dos direitos humanos e fundamentais inseridos na
constituição de 1988. Participem a informação
é direito de todos.
Serra dos Bois, 28 de Outubro 2015:
Antecipadamente, Geraldo filho.
domingo, 27 de setembro de 2015
Um homem a frente do seu tempo
O secretário de agricultura do município de Taquaritinga do
Norte Júlio Cezar Pontes, vem se destacando no agreste de Pernambuco como um
dos secretários mais atuantes do estado, prova disso, foi o reconhecimento da
FETAPE federação dos trabalhadores na agricultura do estado de Pernambuco, que realizou
recentemente, um evento de capacitação no município e na oportunidade, os
diretores enalteceram o excelente trabalho realizado pelo secretário. Firmando
parcerias, orientando e organizando os agricultores, Júlio Cezar vem fazendo a
diferença na forma de gerenciar a secretaria resgatando o autoestima dos
agricultores, fazendo parceria e cumprindo com os compromissos assumidos. Esse
é o caminho, ouvir o povo e trabalhar com foco nas prioridades identificando os
pontos fortes e fracos, as ameaças e oportunidades. Trabalhar com planejamento
e boa vontade sempre foi a marca de Júlio Cezar, pontuou o agricultor Geraldinho,
ex-presidente da associação dos agricultores da comunidade de Serra dos Bois.
sexta-feira, 25 de setembro de 2015
A Colonização da Nossa Região – Serra dos Bois e adjacências.
Os habitantes nativos da nossa região pertenciam ao Grupo
Linguístico Cariri, comunidades de índios (os índios Carniió). Cultivava
mandioca, milho, feijão, algodão e praticavam a caça e pesca, a terra era a
razão de existência dessas comunidades.
A colonização em nossa região começou no século XVII com os
Bandeirantes para constituição das fazendas de gado, que exterminaram as Nações
Indígenas. Assim as terras foram ocupadas pelos europeus estabelecendo as
fazendas que destinavam-se à criação de gado bovino, equino, caprino, ovino,
burros, jumentos e plantio de algodão, milho, feijão, jerimum e melancia.
Com o cruzamento de brancos e índios surgiram os caboclos,
que se tornaram os vaqueiros, que pela sua bravura e veste de couro consegue
dominar o gado, o solo pedregoso e a vegetação espinhosa da região.
Para Moreira, (1997) o boi que
originalmente havia se fixado nas terras litorâneas, apoiando as atividades do
engenho, vai sendo levado para o interior sempre seguindo o curso dos rios, formando
os chamados caminhos do gado, originando os currais, as feiras de gado e em consequência,
o aparecimento dos povoados e vilas que foram tornando-se cidades.
“A importância do gado nessa
região foi tão grande que se fala até mesmo em uma civilização do couro. Além
de fonte de renda monetária e de meio de subsistência alimentar (
carne/leite), o gado fornecia
matéria-prima (couro) para uma série de bens utilizados pelo
sertanejo: vestuário, calçado,
arreio e utensílios domésticos os mais variados (bancos, camas,
portas, etc.).” (Ibid., 1997, p.
73).
Os fazendeiros e vaqueiros, desta
época, tiveram que enfrentar vários obstáculos, escassez da água, vegetação
espinhosa, cobras venenosas, morcegos vampiros e as flechas certeiras dos
índios.
“A vida isolada e solitária das
fazendas, com pouca mão de obra e grandes áreas de pastoreio, foi um dos
principais elementos para composição de uma sociedade semi-fechada e rústica,
onde o trabalho tomava conta dos dias. Ferrar os bezerros, curar as bicheiras
dos animais doentes, matar onças e cobras, abrir bebedouros e conduzir os rebanhos
pelas caatingas foram forjando o homem sertanejo, numa mistura de nativos e colonos
do além mar. Distantes do litoral, vão sendo absorvidos pelo lugar e criando
novos valores culturais, embebidos de mitos e imaginação, mistura do religioso
com o supersticioso. Assim, dos beatos ao malassombro das casas abandonadas, vão
surgindo os curadores de bicheiras, as rezadeiras e muitas histórias propagadas
pela literatura de cordel, também rústica, tanto na arte gráfica, quanto no
rebuscar do português falado na região. Um misto da língua bugre (indígena) com
o português não acadêmico que muitos colonizadores portugueses falavam. Um
homem circundado por uma natureza mística, assumindo naturais superstições que
são típicas de uma ingênua filosofia”. (Belarmino, 1999).
Por: Renato Lucena
Professor.
domingo, 16 de agosto de 2015
Memórias
Cangaceiro Antônio Silvino, setenta e um anos de sua morte em 28 de Julho de 1944.
Manoel Baptista de Moraes era seu nome verdadeiro. Adotando o cangaço como modo de vida, a fim de vingar o assassinato de seu pai, o pacato sertanejo tornou-se “Antônio Silvino”, o mais famoso cangaceiro antes do aparecimento de Lampião. Sua vida errante começa em fins de 1899 e se estende até a sua prisão, em novembro de 1914.
Memórias da nossa terra
Banda-Musical-D.-Luiz-de-Brito-em-1992,-no-povoado-de-Serra-dos-Bois,-Taquaritinga
segunda-feira, 20 de julho de 2015
Parceria com responsabilidade
No último sábado dia 19 a comunidade de Serra dos Bois
recebeu a visita do secretário de agricultura do município Júlio Cezar Pontes, onde
foi recebido por um grupo de agricultores, o encontro foi bastante proveitoso,
uma vês que vários assuntos pertinentes a secretaria foram abordados, a exemplo
da agricultura familiar, cuidados com o meio ambiente e assistência técnica ao
homem do campo. ‘’O secretário é um dos mais atuantes do governo municipal e
não mede esforços quando se trata de apoiar os agricultores quando é solicitado,
seja sábado, Domingo ou feriado, ele está sempre a disposição mostrando
compromisso com sua secretaria, com o município e principalmente com os
agricultores! Pontuou, o agricultor Geraldinho” que destacou a importância do
encontro que é um exemplo a ser seguido.
terça-feira, 23 de junho de 2015
Festa de São Pedro
A comunidade de Serra dos Bois, convida todos a participarem
da festa do padroeiro São Pedro que acontecerá de 26 a 29 de junho, todas as
noites haverá celebração da santa missa depois bingo, leilão e quermesse. E no sábado
dia 4 de julho acontece a festa social com chegada de lenha a partir da 14
horas e a noite shows com Socorro e Mazé e depois, é a vez do prata da casa,
Netinho do acordeom e banda forró dos inocentes fechando com chave de ouro, não
percam.
quinta-feira, 18 de junho de 2015
O Guerreiro Com Sua Espada
Seu Amaro Inácio e dona Antonia. Um casal que por muitos anos morou em Serra dos Bois, Taquaritinga do Norte, PE. Na verdade, morava nas Lages, propriedade de tio Manoel Ludugero. Depois eles se mudaram para o Riacho Doce, onde seus filhos foram criados. Infelizmente, seu Amaro Inácio já se foi para a vida eterna.
De sua família pouco ou quase nada sei. Embora com ele
tivesse uma convivência duradoura e muito proveitosa que até, hoje, guardo como
patrimônio de minhas saudades e o agradeço pelo enorme saber que me passou.
Seu Amaro Inácio era um caçador e por isso nos aproximamos
dele. Havia outra razão: Ele era muito amigo de meu pai, e muitas vezes, à
noite, ou pela madrugada nos acordava para contar suas aventuras e tomar um
café, proporcionando um bate papo alegre que levara ao amanhecer do dia, sem
que a gente percebesse. Ele tinha um jeito todo especial de contar belos casos.
Não se sabe como ele aprendeu a dosar as palavras, aumentar ou diminuir o som e
sabia com maestria estabelecer o clímax ou o final de cada estória.
Seu Amaro Inácio vivia no mato, nas matas caçando e
conversando com os espíritos. Provavelmente nunca foi a uma cidade maior do que
Gravatá do Ibiapina. Ele amava o campo, a roça, a natureza, enfim.
Sua cachorra era esperta e muito caçadeira. Tio Euclides
Borges, eu e meu irmão formamos uma espécie de parceria com ele, e passamos
muitas noites na manga (fazenda) de seu Agnelo Pedrosa, caçando tatu, tamanduá
e outros bichos. (Antes que me critiquem, devo dizer que acho, hoje, isso tudo politicamente
incorreto, pois defendo a preservação da natureza), embora ache que o homem, na
sua essência, deve ser defendido e protegido como os animais o são, nos dia de
hoje. E nós caçávamos por uma questão de sobrevivência, quando nos faltava
alimentos.
Ora, a natureza fez os animais e para eles deixou seus
predadores. Só que, nós animais racionais, não tínhamos predadores, até a
descoberta do acúmulo de bens. Após a invenção da riqueza encontramos um
predador para o ser humano – o ser humano.
Aliás, seu Amaro Inácio carregava uma espada e a situação
precária por que passa o Brasil, só redescobrindo o poder do guerreiro, com sua
espada para dar um jeito no Brasil.
Antonio Martins de Farias
quarta-feira, 25 de fevereiro de 2015
Santa Quitéria e Meus Dois Mil Rés
Imagem ilustrativa:
Nunca fui chegado às aventuras, entretanto assumo que tinha
uma tendência a desafios, ou gostava mesmo de sofrer. Por que? Porque acompanhava meu pai pelo mundo a fora,
em busca de novidades. Era minha fascinação e loucura. Não me conformava apenas
ouvi-lo contar os casos. Gostava de presenciar, sentir, ouvir e curtir in
loco os fatos e as estórias dos mais velhos e dos mais sábios.
Quando percebia que meu pai estava se arrumando pra viajar, eu
ficava por perto dele. De modo que ele pudesse ler meu pensamento e perguntasse
se ei queria acompanhá-lo. Quando isso acontecia à resposta era positiva. E lá
ia eu perguntar à mamãe se poderia ir. Ela, geralmente, dizia que era muito
arriscado, mas não se opunha a tal ideia. Desta forma corria para trocar de
roupa e dar início à viagem.
Meu pai, Hermes
Ludugero de Farias, gostava de passear além da conta. Em uma dessas andanças fomos parar em São João do Cariri,
especificamente no sítio Gravatá Mor. Depois fui ao Uruçu, terra de Alfredo
Gaudêncio e Zé Agripino.
Deste modo, saímos de Serra dos Bois a cavalo. Passamos pela
Cachoeira de seu Ismael. À noite, dormimos na fazenda Carro Quebrado, cuja
propriedade era do sogro de Aleixo Joaquim. De manhã, bem sedo, partimos ao
destino final de nossa viagem – a casa de meu avô, Ananias Idelfonso de
Queiroz.
Ao nos aproximamos nos defrontávamos com um grande
descampado e algumas casas. A primeira meu pai me explicou:
- “Tonho esta casa
era de tio Antonio da Costa; aquela à esquerda, de cor amarela, é de Antero,
marido de Ana. Esta a nossa direita é de Seviliano e aquela de taipa é Alice,
casada com Manoel Marcolino. Outra bem longe é de Ana de tio Esmerino.”.
Logo em frente, beirando um grande riacho,que parecia mais
um rio, me defrontei com outra residência: uma casa feita de tijolo e cal, que
chamamos de caliça. Ela pertencia ao tio
Laurindo, irmão de meu avô.
Logo à esquerda a gente começava a sentir o inebriante
cheiro da flor de mofumbo. O ar, no momento de nossa chegada, era composto por
um vento frio e gostoso. Além de uma temperatura amena. O Céu estava azul e com
poucas nuvens. Aquelas nuvens que pareciam um véu de noiva ou da cor da roupa
de primeira comunhão.
Aos poucos fui percebendo que estava perto da chegada, pois
o cavalo começou a reconhecer o caminho, quando não precisava mais de ser
guiado.
A primeira vista, depois de um pequeno riacho, foi à direita
um grande pé de baraúna e à frente uma casa grande. Tal casa foi feita em duas partes: uma de tijolo e outra de taipa. Meu
pai foi logo me dizendo:
- Chegamos meu filho. Esta é a casa de Madrinha Ana e
Padrinho Mateus.
Madrinha Ana e padrinho Mateus eram seus avós. Paramos na porta
da frente e fomos recebidos por tio Chico. Tio Chico, era solteiro. Só teve uma
namorada que por capricho do destino não deu em casamento. Contam que certo dia
ele levava um presente para a amada,mas o cavalo tropeçou, caiu e o presente se
quebrou. A namorada com raiva terminou o namoro e nunca mais meu tio arrumou
outro amor. Morreu solteiro não deixou herdeiro nem bens deste mundo.
Para chegarmos à casa do meu avô, a gente subia uma ladeira,
pequena, mas subia. A casa era de tijolo. Contava com uma sala, dois quartos,
duas portas e janelas. Completava-a uma sala de jantar. A cozinha e um pequeno
quarto de despejo.
O revezo, um cercadinho, formava uma espécie de chácara. Ali
se podia ver um pé de limão galego; um de pimenta malagueta e muito avelóz.
Dois barreiros e um tanque. À frente da casa a gente via um curral com mourão,
sinalizando que um dia teve gado. Só a lembrança, ficou.
Partimos para o Uruçu. Fomos direto à fazenda de Alfredo
Gaudêncio. Recebidos pelo seu dono, que estava numa rede e nela permaneceu. Só se levantando na hora do almoço, quando a casa
se encheu de gente. Tinha vaqueiro, amigos, trabalhadores de todo lugar, até
caixeiro viajante apareceu.
Papai foi lá agradecer o favor que a família Gaudêncio
prestara ao meu avô, quando ele sofrera um AVC, e levado para Serra dos Bois,
de ambulância. Era uma questão de cortesia e elegância agradecer tal feito.
Após o almoço, entramos num deserto, pois não era caminho, não era estrada nem vereda. Apenas
mato. Só que de repente chegamos à casa de tia Lia. Ela quando viu meu pai,
deu-lhe uma surra de carinho. Ela o batia com palmadas carinhosas e meu pai a
respeitava e sorria. Um momento de muita felicidade. Embora ela já se
encontrasse muito doente.
Dormimos no Uruçu. No dia seguinte retornamos para o sítio
Gravatá Mor, quando conheci tio Laurindo, irmão de meu avô. Ao ser apresentado
tomei-lhe à bênção. Tio Laurindo fez uma festa. Cutucou e brincou com meu pai,
do mesmo jeito que tia Lia praticara no
dia anterior.
Convidou-nos para entrar. Aí ele foi ao quarto e ao voltar
deu-me de presente. Uma moeda. Moeda
esta que a chamei de meus dois mil rés. Após os agradecimentos, achei por bem
pedir que meu pai a guardasse, afinal era em meu pai que depositava toda
confiança. Prontamente papai guardou minha riqueza.
Eu sonhava com aquela moeda poder ir a Gravatá do Ibiapina e
comprar caramelo ou cocada, na banca de Antonio Paca, no mercado publico todas às
sextas-feiras. Muito enganado estive.
Após uma boa conversa e um café partimos para São Domingos
do Cariri. Meu pai, no entanto, pediu desculpas por ter que seguir outro destino
ou rumo. Precisava passar ma casa de seu
Ananias Marcos, no Carro Quebrado. Ao chegarmos à fazenda Carro Quebrado arriamos
e mais café nos foi servido e depois de outro longo assunto, partimos
definitivamente para São Domingos do Cariri. Estranhei o um caminho que
tomamos, mas como criança não podia opinar. Pus-me calado até o sítio
Curralinho.
O desvio de rota não me assustava. Não era tão grande assim.
O que importava era voltar à Serra dos Bois e sedo ou mais tarde a gente seguia
o rumo certo.
Chegamos a uma casa grande, estilo chalé. Meio de taipa e
meio de tijolo. Umas senhoras nos receberam e em seguida sumiram. Não sei para
onde. Como a casa era muito grande não saber aonde as senhoras se esconderam.
Desmontamos, amarramos os cavalos e seu Ananias Marcos
entrou, numa grande sala à esquerda da sala principal, abriu uma gaveta enfiou um maço de dinheiro. Em
seguida pegou a imagem de Santa Quitéria e a beijou. Meu pai acompanhou.
Para não fazer feio, meu pai, sem minha autorização, sacou meus
dois mil rés, que tio Laurindo me dera há poucas horas e depositou-os na gaveta
de Santa Quitéria.
La se foi o sonho de comprar cocada por água abaixo. Que
raiva me invadiu. Quase não perdoava Santa Quitéria. Mas que culpa teve Santa
Quitéria se foi meu pai que deu o dinheiro que era meu?
Aqui presto uma homenagem à Santa Quitéria e lembro-me de um
dos muitos momentos que vivi na companhia de meu pai.,
Antonio Martins de Farias é Advogado e norte
taquaritinguense.
quinta-feira, 22 de janeiro de 2015
A Troca dos Cachorros e o Tamanduá.
Perto
de Gravatá do Ibiapina existiu um cidadão chamado Amaro Traquino. Ele criava uma
vaca, uma porca, uma ovelha, uma cachorra. De cada espécie de animal ele criava
uma. Era uma miniatura da Arca de Noé.
Certa
ocasião sua cachorra deu cria e meu pai comprou dois filhotes de cão. Ambos nasceram
de cor preta. Ficava difícil de saber quem era quem. Um era a cara do outro. Um
filhote destinava-se ao Tio Nestor e o outro para nós. Em Serra dos Bois poucas
casas criavam cachorro. É que muita gente temia que tais animais matassem as
ovelhas e as cabras para comer. Somente lá em casa, na casa de Arnóbio e na
casa de tio Abidias tinha cão, cuja finalidade era espantar as raposas e os
gaviões para não comerem as galinhas e seus filhotes.
Meu
irmão, metido a esperto, trocou os balaios. O cãozinho que papai escolhera para
nós, foi para o balaio determinado para tio Nestor. Com o passar tos tempos o
cão de tio Nestor virou um cachorro esperto, caçador, latia muito: um verdadeiro
guardião da fazenda.
O
cão que ficou conosco não latia nem caçava. Só comia angu. Depois que descobriu
uma cachorra da fazenda Açude Novo não parava em casa. O nome dele era Leão. Só
fazendo jus a tal quando estava diante de um alguidar de angu.
Para
acabar com as visitas à fazenda
Açude Novo, foi preciso apelar ao seu João Cazé, velho tropeiro e contador de
magníficas estórias e causos. Com a mesma faca que cortava fumo de rolo, pegou
o cão e o castrou. Com o passar do tempo Leão já nem se lembrada da cachorra da
fazenda de seu Oliveira.
Meu
irmão e eu gostávamos de caçar. Só que não tínhamos cão nem gato, pois o
bichano que tinha lá em casa era muito bem tratado por dona Emília e por causa
disso não saia do pé do fogão.
Foi
tio Euclides, um amigo e caçador, que nos introduziu no mundo da caça. Ele
possuía os seguintes cães: Possi, Jacaré e Peixinho. Peixinho perdeu-se na
primeira noite que caçamos juntos na fazenda de seu Oliveira, precisamente na
Serra Lavrada. Possi e Jacaré morreram de velhos, porém caçando. Estes merecem
uma estatua numa praça a ser construída nas Barrocas.
Levávamos
nosso Leão à mata só para passar vergonha. Ele não servia nem para enganar às
Caiporas. Enfurecido com nosso cão, tio Euclides propor-nos o seguinte: quando
os meus cães acuarem um tamanduá nós o pegamos e jogamos em cima de Leão, só
assim ele cria coragem. Acordo feito. Acordo cumprido. Numa noite Jacaré acuou
tal bicho. Quando chegamos perto nos defrontamos com um grande tamanduá. Era na
serra das Gogóias. Conforme combinado jogamos o tamanduá em cima de Leão. Ele
gemeu, gemeu! E vendo que ia morrer, pegou o bicho, jogou para la para car. Em
poucos minutos o tamanduá estava morto. A partir desta noite Leão passou a ser um
cão caçador e morreu em virtude de uma bola dada não sei por quem, para quem
não sabe, a bola, é uma isca com veneno. Moral da história, Todos podem mudar
para melhor, mesmo através da dor e do sofrimento. E não devemos julgar
precipitadamente.
Vale
reconhecer que a cachorra de Abdon era natural do sítio Gavião de Frei Miguelhinho.
E foi levado à fazenda Açude Novo por intermédio de meu tio Lindolfo Ludugero,
como um presente de gratidão ao amigo Abdon Pereira da Silva, um dos maiores
vaqueiros da região.
Antonio Martins de
Farias é Advogado e norte taquaritinguense.
domingo, 18 de janeiro de 2015
Mais uma conquista da AASB
Na ultima sexta feira dia 15, aconteceu na comunidade de serra dos bois, uma audiência publica onde foram discutidos os tramites para formação da comissão de acompanhamento do processo licitatório do projeto de abastecimento de agua simplificado na comunidade. Participaram da reunião, as representantes do prorural, Maria oliveira e Joseane Guedes, o secretário de agricultura do município Júlio Cezar Pontes além dos diretores da associação dos agricultores e vários sócios, a comissão foi formada pelos senhores José Etevaldo de Lucena e Geraldo Francisco Barbosa Filho representando a comunidade e Júlio Cezar pontes representando o concelho de desenvolvimento rural sustentável de Taquaritinga do norte. Como sempre, o secretário Júlio Cezar, destacou a importância do projeto para a comunidade uma vez que trata-se de captação de água, esse liquido precioso e cada vez mais raro em nossa região, também colocou-se a disposição para colaborar no que for possível mostrando seu compromisso com o desenvolvimento rural, a comunidade reconhece o empenho e a dedicação do secretario, que mesmo com recursos mínimos e quase sem estrutura! vem conseguindo apoiar os agricultores do município.
Escrito por: Geraldinho.
As opiniões descritas nesta postagem, são exclusivamente de responsabilidade do autor.
sexta-feira, 16 de janeiro de 2015
Os Riachos
Roberto
Carlos já cantou O Cajueiro, com grande sucesso. Luiz Gonzaga gravou O
Juazeiro, música que compõe um dos melhores acervos musicais brasileiro.
Eu há muitos dias, ando encafifado,
pois não aparece inspiração para escrever sobre Serra dos Bois. Vocês leitores,
terão que me perdoar, pois já falei quase tudo sobre Serra dos Bois. De Abdon a
Pedro Lino, já me ocupei. Não deixei ninguém de fora, a não ser aqueles que não
me considerei apto para tal ofício. E falta muita gente, cabendo à juventude
tal incumbência.
Por mais amor que dedicasse à Serra dos
Bois sabia que acabaria cometendo uma injustiça: cometi. Esqueci-me dos
riachos, dos regos e dos barreiros. Quanto aos regos estes curtos como
"lençol de porco" desembocam nos riachos que por sua vez levam as
águas para os rios e estes para o mar. Quando outro circulo recomeça, como a
vida.
Já os riachos são cheios de histórias.
Quem não se lembra de uma história que aconteceu às margens de um riacho
"que jogue a primeira pedra". Era nas areias dos riachos, à sombra
das quixabeiras, que nós escrevíamos o nome de nosso amor. Se não fosse o vento
até hoje, constava o nome dela/dele inscrito sobre a areia. A história, o vento
levou. E o amor se acabou, sem culpa do riacho, é claro, mas do tempo.
Cada riacho tem um ou
vários nomes. Cabe a cada um chamar como queira. Eu os assim denominei: o
Riacho de Arnóbio, que nasce nas Areias, passa pelo açude de Aleixo Porto, pela
cacimba das Trinta e Duas, esparrama-se pela Capoeira de seu Oliveira e
desemboca no Riacho de Pedro Lino, que nasceu para dividir a Paraíba de
Pernambuco, pelos lados do Bandeira.Tendo como destino aguar os pés de cajueiro
de Aleixo Joaquim, adubar o roçado de Aleixo Chico e andar até chegar ao
encontro com seu irmão:Riacho de Arnóbio.
Uns têm caminho mais
longo outros mais curtos, como é o caso do Riacho do Açudinho, que nasce no
caminho da fazenda Lagoa do Canto e termina na manga de seu Oliveira.
Também o Riacho do Cercado Grande, nascido nas Lages, de tio
Manoel Ludugero, passando pelas terras de Aleixo Joaquim, pelo roçado de tio
Abidias, desembocando no Riacho do Açudinho cujo destino é o Riacho da Tapera,
que como se sabe, nasce na manga de seu Agnelo Pedrosa e adjacências e termina
em Santa Cruz do Capibaribe, quando despeja suas águas no Rio Capibaribe
seguindo o caminho tão bem descrito por João Cabral de Melo Neto, em suas
poesias.
Antonio
Martins de Farias é Advogado e norte taquaritinguense.
domingo, 11 de janeiro de 2015
Comunicado importante
A diretoria da Associação dos agricultores de Serra dos
Bois, através do seu presidente Adão Aragão Pontes, convida todos os sócios e a
comunidade em geral, para participar da reunião preparatória e formação da comissão
de acompanhamento do processo de licitação do projeto de abastecimento de água
simplificado em nossa comunidade, a reunião acontecerá na próxima sexta feira dia 16, as 09:hs e 30 minutos
da manhã, na sede da associação e
contará com a presença dos gestores do prorural
UGT Caruaru, vale salientar que, os recursos já estão disponíveis na conta
corrente da associação, resta apenas ser licitado para a obra ser executada. Contamos
com a presença de todos, a sua presença, é de fundamental importância para o
fortalecimento da associação.
Antecipadamente: A diretoria da AASB.
quinta-feira, 8 de janeiro de 2015
Uma história de Natal de quem nasceu no cariri pernambucano
Era uma tarde quente. Em Serra dos Bois, Taquaritinga do Norte, PE, o sol espalhava fogo como naquelas histórias de terror que nossos pais nos contavam para forçar a chegada do sono. O dia pareceu normal, nada de extraordinário aconteceu que chamasse a atenção de quem quer fosse. Pela manhã soltaram-se os animais para que eles fossem campear, procurando comida e abrigo. No fim do dia as cabras, as ovelhas e as vacas voltaram para seus currais, para passar mais uma noite remoendo e deixar os caroços de embu pelo chão.Os papagaios passaram pela manhã e voltaram à tarde, cantando com alegria.
Logo após o jantar Otília, iniciou uma costura. Com sua máquina de costura branca de manivela dava inícios ao vai e vem das agulhas e amarrando com linhas; fechando e abrindo, cortando e acertando detalhes que só uma boa costureira sabe fazer. No final dava em alguma peça, podendo ser para criança ou para adulto.
Ocorre que aquele dia era diferente. Ninguém falou para mim que ele não podia adoecer em dia de Natal. Mas adoeci; de repente senti uma febre, daquelas que nem chá de quina quina curava.
Quando anoiteceu já dormindo, suado e com frio, fui acordado por Bi, minha vó. Ela me vestiu com aquela roupa que acabara de fazer e ao entregar como um presente disse-me:
- Antonio, hoje é dia de Natal, dia que comemoramos o nascimento do Filho de Deus, que veio para perdoar nossos pecados.
Aquelas palavras e a roupa vermelha que me dera foi o remédio para a doença que estava sofrendo. A febre passou. Parei de suar e de sentir frio e aquela noite foi a que melhor dormi. Ficando em minha memória como o melhor Natal de minha infância.
Antonio Martins de Farias
é Advogado e norte taquaritinguense.
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