Os habitantes nativos da nossa região pertenciam ao Grupo
Linguístico Cariri, comunidades de índios (os índios Carniió). Cultivava
mandioca, milho, feijão, algodão e praticavam a caça e pesca, a terra era a
razão de existência dessas comunidades.
A colonização em nossa região começou no século XVII com os
Bandeirantes para constituição das fazendas de gado, que exterminaram as Nações
Indígenas. Assim as terras foram ocupadas pelos europeus estabelecendo as
fazendas que destinavam-se à criação de gado bovino, equino, caprino, ovino,
burros, jumentos e plantio de algodão, milho, feijão, jerimum e melancia.
Com o cruzamento de brancos e índios surgiram os caboclos,
que se tornaram os vaqueiros, que pela sua bravura e veste de couro consegue
dominar o gado, o solo pedregoso e a vegetação espinhosa da região.
Para Moreira, (1997) o boi que
originalmente havia se fixado nas terras litorâneas, apoiando as atividades do
engenho, vai sendo levado para o interior sempre seguindo o curso dos rios, formando
os chamados caminhos do gado, originando os currais, as feiras de gado e em consequência,
o aparecimento dos povoados e vilas que foram tornando-se cidades.
“A importância do gado nessa
região foi tão grande que se fala até mesmo em uma civilização do couro. Além
de fonte de renda monetária e de meio de subsistência alimentar (
carne/leite), o gado fornecia
matéria-prima (couro) para uma série de bens utilizados pelo
sertanejo: vestuário, calçado,
arreio e utensílios domésticos os mais variados (bancos, camas,
portas, etc.).” (Ibid., 1997, p.
73).
Os fazendeiros e vaqueiros, desta
época, tiveram que enfrentar vários obstáculos, escassez da água, vegetação
espinhosa, cobras venenosas, morcegos vampiros e as flechas certeiras dos
índios.
“A vida isolada e solitária das
fazendas, com pouca mão de obra e grandes áreas de pastoreio, foi um dos
principais elementos para composição de uma sociedade semi-fechada e rústica,
onde o trabalho tomava conta dos dias. Ferrar os bezerros, curar as bicheiras
dos animais doentes, matar onças e cobras, abrir bebedouros e conduzir os rebanhos
pelas caatingas foram forjando o homem sertanejo, numa mistura de nativos e colonos
do além mar. Distantes do litoral, vão sendo absorvidos pelo lugar e criando
novos valores culturais, embebidos de mitos e imaginação, mistura do religioso
com o supersticioso. Assim, dos beatos ao malassombro das casas abandonadas, vão
surgindo os curadores de bicheiras, as rezadeiras e muitas histórias propagadas
pela literatura de cordel, também rústica, tanto na arte gráfica, quanto no
rebuscar do português falado na região. Um misto da língua bugre (indígena) com
o português não acadêmico que muitos colonizadores portugueses falavam. Um
homem circundado por uma natureza mística, assumindo naturais superstições que
são típicas de uma ingênua filosofia”. (Belarmino, 1999).
Por: Renato Lucena
Professor.
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