Seu Amaro Inácio e dona Antonia. Um casal que por muitos anos morou em Serra dos Bois, Taquaritinga do Norte, PE. Na verdade, morava nas Lages, propriedade de tio Manoel Ludugero. Depois eles se mudaram para o Riacho Doce, onde seus filhos foram criados. Infelizmente, seu Amaro Inácio já se foi para a vida eterna.
De sua família pouco ou quase nada sei. Embora com ele
tivesse uma convivência duradoura e muito proveitosa que até, hoje, guardo como
patrimônio de minhas saudades e o agradeço pelo enorme saber que me passou.
Seu Amaro Inácio era um caçador e por isso nos aproximamos
dele. Havia outra razão: Ele era muito amigo de meu pai, e muitas vezes, à
noite, ou pela madrugada nos acordava para contar suas aventuras e tomar um
café, proporcionando um bate papo alegre que levara ao amanhecer do dia, sem
que a gente percebesse. Ele tinha um jeito todo especial de contar belos casos.
Não se sabe como ele aprendeu a dosar as palavras, aumentar ou diminuir o som e
sabia com maestria estabelecer o clímax ou o final de cada estória.
Seu Amaro Inácio vivia no mato, nas matas caçando e
conversando com os espíritos. Provavelmente nunca foi a uma cidade maior do que
Gravatá do Ibiapina. Ele amava o campo, a roça, a natureza, enfim.
Sua cachorra era esperta e muito caçadeira. Tio Euclides
Borges, eu e meu irmão formamos uma espécie de parceria com ele, e passamos
muitas noites na manga (fazenda) de seu Agnelo Pedrosa, caçando tatu, tamanduá
e outros bichos. (Antes que me critiquem, devo dizer que acho, hoje, isso tudo politicamente
incorreto, pois defendo a preservação da natureza), embora ache que o homem, na
sua essência, deve ser defendido e protegido como os animais o são, nos dia de
hoje. E nós caçávamos por uma questão de sobrevivência, quando nos faltava
alimentos.
Ora, a natureza fez os animais e para eles deixou seus
predadores. Só que, nós animais racionais, não tínhamos predadores, até a
descoberta do acúmulo de bens. Após a invenção da riqueza encontramos um
predador para o ser humano – o ser humano.
Aliás, seu Amaro Inácio carregava uma espada e a situação
precária por que passa o Brasil, só redescobrindo o poder do guerreiro, com sua
espada para dar um jeito no Brasil.
Antonio Martins de Farias
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