quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013

O Verão e a Chuva



                                    
                                                 
    


O mato está seco; a terra rachada; a poeira pelo chão, crianças buscam água na carroça de jumento e brincam na lama rachada do ultimo açude que secou. Rastros de calangos e lagartixas que buscam uma sombra difícil de encontrar em virtude das árvores se encontrarem secas, peladas e sem folhas por causa do verão. Assim é o verão que castiga o cariri sem, no entanto, levar o  homem  a esquecer que Deus não lhes abandona por completo.
E dezembro termina e o ano também. O relâmpago e o trovão surgem nos Céu, vindos do lado do sertão. O primeiro sinal de chuva se tem quando as formigas não fazem suas moradas nos riachos e regos dos roçados e os tetéus constroem seus ninhos nos altos das capoeiras.
De repente a chuva chega. Muitas vezes só dar para apagar a poeira dos caminhos. Quando o inverno se firma no cariri, o sol começa a se esconder como menino amuado dando sinal de que não quer escovar os dentes; dormir cedo e aprender a rezar, como antigamente. A chuva chega de repente fazendo o chão seco ficar molhado; os regos e riachos se enchem d’água. E, após a chuva, os bancos de areias formam desenhos iguaizinhos àqueles que as nuvens formam no Céu.
O homem feliz olha para o firmamento; tira seu chapéu e agradece a Deus o presente divino, mesmo sabendo que a chuva é passageira. Mais feliz fica o homem quando percebe os riachos cheios, levando as cercas dos roçados. Ouvindo os sapos cantando nos barreiros e riachos e açudes sangrando. Ouve os jumentos correndo e brigando, como se fosse uma festa pelo verde dos campos.
Com as chuvas papa-sebo munda de cor e vira papa-lagartas; galo de campina munda de pena e de cor; o concriz de vermelho passa a ser amarelo e o sapo vira cururu. O gado escramuçar adivinhando chuva e formando um balé clássico do mundo animal. É uma festa quando a chuva chega ao sertão e cariri. Que Deus se lembre de nós e em 2013 chova em nossa terra.

Antônio Martins de Farias

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