O mato está
seco; a terra rachada; a poeira pelo chão, crianças buscam água na carroça de jumento e brincam na lama rachada do ultimo açude que secou. Rastros de calangos e lagartixas que
buscam uma sombra difícil de encontrar em virtude das árvores se encontrarem
secas, peladas e sem folhas por causa do verão. Assim é o verão que castiga o
cariri sem, no entanto, levar o homem a esquecer que Deus não lhes abandona por
completo.
E dezembro termina
e o ano também. O relâmpago e o trovão surgem nos Céu, vindos do lado do
sertão. O primeiro sinal de chuva se tem quando as formigas não fazem suas
moradas nos riachos e regos dos roçados e os tetéus constroem seus ninhos nos
altos das capoeiras.
De repente a
chuva chega. Muitas vezes só dar para apagar a poeira dos caminhos. Quando o
inverno se firma no cariri, o sol começa a se esconder como menino amuado dando
sinal de que não quer escovar os dentes; dormir cedo e aprender a rezar, como
antigamente. A chuva chega de repente fazendo o chão seco ficar molhado; os
regos e riachos se enchem d’água. E, após a chuva, os bancos de areias formam
desenhos iguaizinhos àqueles que as nuvens formam no Céu.
O homem feliz
olha para o firmamento; tira seu chapéu e agradece a Deus o presente divino,
mesmo sabendo que a chuva é passageira. Mais feliz fica o homem quando percebe
os riachos cheios, levando as cercas dos roçados. Ouvindo os sapos cantando nos
barreiros e riachos e açudes sangrando. Ouve os jumentos correndo e brigando,
como se fosse uma festa pelo verde dos campos.
Com as chuvas
papa-sebo munda de cor e vira papa-lagartas; galo de campina munda de pena e de
cor; o concriz de vermelho passa a ser amarelo e o sapo vira cururu. O gado
escramuçar adivinhando chuva e formando um balé clássico do mundo animal. É uma
festa quando a chuva chega ao sertão e cariri. Que Deus se lembre de nós e em
2013 chova em nossa terra.
Antônio
Martins de Farias
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