quarta-feira, 20 de junho de 2012

BRINCANDO

                               Brinquedo de Crianca . . . - Araxa, Minas Gerais
Theobaldo era um menino triste e solitário, apesar de ter nascido numa família de seis irmãos. Por causa disso, talvez, ele desde cedo aprendeu a brincar só. Suas brincadeiras prediletas era construir em sua mente, grandes fazendeiros, grandes políticos e soldados valentes que enfrentavam cangaceiros. Na infância de Theobaldo só existia ladrão de cavalo. Teve um chamado Zé Gordinho, lá pelos lados de Surubim, que não tinha cavalo que ele não furtasse ou roubasse. Foi uma dificuldade para a polícia o prender. Teve também, seu Octaviano, este se dizia ser do sítio Bandeira de Santa Cruz do Capibaribe. Chegou a Serra dos Bois, se hospedou na casa de Arnóbio, vendeu suas miudezas e numa noite de lua cheia, chegou às areias e furtou todas as ovelhas de Arnóbio, Aleixo Joaquim e Pedro Lino. Foi vendê-las na feira de Santa Cruz.
As vacas da fazenda de Theobaldo eram de ossos de animais que morriam. Os ossos menores representavam as vacas e os maiores, os bois. Seus currais ficavam sempre cheios, parecendo uma fazenda verdadeira de nelore, ou seja, todo seu plantel imaginário era formado de vacas e bois brancos.
As fazendas eram repletas de personagens conhecidas da região. Geralmente seus vaqueiros eram Didi Carneiro, Givaldo Farias, Pedro Paca e Odílio Borges. Todos vaqueiros tornavam-se donos das fazendas para as quais trabalhavam. Uma reforma agrária a seu modo e ao seu tempo. Seu Abidon era o dono da fazenda Açude Novo. Seu Zé Cocó era dono fazenda Boa Vista.
Personagens políticas também constavam nos sonhos de Theobaldo. Seu próprio nome derivava de um filho de um fazendeiro de São João do Cariri. É que sempre ouvia que o filho de fulano, Theobaldo é grande, estuda em Campina Grande. Sempre os filhos dos vizinhos eram os que faziam sucesso.
Nos sonhos de Theobaldo entrava a construção de igrejas, estradas, açudes e pontes. Seus engenheiros tinham a audácia de seu Tezinho e seu Antônio Paulino.
Em suas cidades os réus nunca ficavam presos, pois o sofrimento da pobreza já era uma a pena muito grave. Os advogados sempre encontravam uma solução para os casos complicados. Não havia pena de morte, na Constituição que Theobaldo promulgou, através de seus constituintes originários. Nesta Constituição tinha um artigo que previa que nunca poderia haver pena que fosse maior do que a fome e a falta de atenção às crianças. Nesta Constituição só havia esperança, além do que não comportava emendas que tirassem o direito de brincar, sonhar e viver feliz.
Antônio Martins de Farias

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