Theobaldo era
um menino triste e solitário, apesar de ter nascido numa família de seis
irmãos. Por causa disso, talvez, ele desde cedo aprendeu a brincar só. Suas
brincadeiras prediletas era construir em sua mente, grandes fazendeiros,
grandes políticos e soldados valentes que enfrentavam cangaceiros. Na infância
de Theobaldo só existia ladrão de cavalo. Teve um chamado Zé Gordinho, lá pelos
lados de Surubim, que não tinha cavalo que ele não furtasse ou roubasse. Foi
uma dificuldade para a polícia o prender. Teve também, seu Octaviano, este se
dizia ser do sítio Bandeira de Santa Cruz do Capibaribe. Chegou a Serra dos
Bois, se hospedou na casa de Arnóbio, vendeu suas miudezas e numa noite de lua
cheia, chegou às areias e furtou todas as ovelhas de Arnóbio, Aleixo Joaquim e
Pedro Lino. Foi vendê-las na feira de Santa Cruz.
As vacas da
fazenda de Theobaldo eram de ossos de animais que morriam. Os ossos menores
representavam as vacas e os maiores, os bois. Seus currais ficavam sempre
cheios, parecendo uma fazenda verdadeira de nelore, ou seja, todo seu plantel
imaginário era formado de vacas e bois brancos.
As fazendas
eram repletas de personagens conhecidas da região. Geralmente seus vaqueiros
eram Didi Carneiro, Givaldo Farias, Pedro Paca e Odílio Borges. Todos vaqueiros
tornavam-se donos das fazendas para as quais trabalhavam. Uma reforma agrária a
seu modo e ao seu tempo. Seu Abidon era o dono da fazenda Açude Novo. Seu Zé
Cocó era dono fazenda Boa Vista.
Personagens
políticas também constavam nos sonhos de Theobaldo. Seu próprio nome derivava
de um filho de um fazendeiro de São João do Cariri. É que sempre ouvia que o
filho de fulano, Theobaldo é grande, estuda em Campina Grande. Sempre os filhos
dos vizinhos eram os que faziam sucesso.
Nos sonhos de
Theobaldo entrava a construção de igrejas, estradas, açudes e pontes. Seus
engenheiros tinham a audácia de seu Tezinho e seu Antônio Paulino.
Em suas
cidades os réus nunca ficavam presos, pois o sofrimento da pobreza já era uma a
pena muito grave. Os advogados sempre encontravam uma solução para os casos
complicados. Não havia pena de morte, na Constituição que Theobaldo promulgou,
através de seus constituintes originários. Nesta Constituição tinha um artigo
que previa que nunca poderia haver pena que fosse maior do que a fome e a falta
de atenção às crianças. Nesta Constituição só havia esperança, além do que não
comportava emendas que tirassem o direito de brincar, sonhar e viver feliz.
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