segunda-feira, 21 de maio de 2012

Quem era a Moça?






Deus nos deu o dom da vida e nos concedeu o livre arbítrio. Acontece que podemos abusar da liberdade que Ele nos legou e cairmos em abismos impossíveis. Pode não existir diferença entre o bem e o mal; apenas o destino que damos as coisas é que traz consequência a qual definimos como boa ou má.
Mas existem os contrários. E estes muitas vezes nos ensinam muito. Exemplo: o autor desta, quando ainda com seis ou sete anos, perdeu um irmão. E, certa tarde, chegou a notícia de que era preciso todos se deslocarem para Gravatá do Ibiapina, devido ao sepultamento. Ananias, como se chamava meu irmão, foi uma criança muito querida por todos em Serra dos Bois. Após o susto da notícia trágica, fomos ao cercado do Roçado da Janela, pegar os jumentos para o transporte. Ao escurecer, deu-se a caminhada. Seu Amaro Borges, e Zé de tia Luiza e Dina eram as únicas pessoas adultas. Quando passávamos pelo Bandeira, especificamente, em frente à casa de seu Neco Adelino, ouvimos uma sanfona. Era um baile. Perguntei a mim mesmo: como pode eu aqui chorando miudinho e com vergonha e àquele povo alegre dançando? Deus sabia e sabe o que faz. Chegando a Gravatá do Ibiapina, já bem tarde, uma moça vestida de branco, tirou-me da cangalha, abraçou-me e perguntou o que era que eu precisava. Respondi que gostaria de urinar, coisa de menino. A moça prontamente me levou ao quintal e, consequentemente ao banheiro. Ela era uma moça muito linda. Era baixa e muito alva, como costumávamos chamar uma pessoa de cor branca. Passou a noite. Ao amanhecer o dia, ficamos com a certeza de que não Nanã não voltava mais para Serra dos Bois. Era muita tristeza. Após o enterro cada um tomou seu rumo e quando voltava para Serra dos Bois, na casa de Pedro Lino, ouvimos os fogos no Papagaio. Era o nascimento de Ana Maria, Balia. Assim pode existir tristeza e alegria. Interessante: quando íamos a um enterro, uns dançavam e quando voltamos soubemos que nascia uma vida. Quer coisa melhor do que esta?
Perguntei a todos quem era àquela moça. Prestei todas as características, mas ninguém soube me responder. Bem mas Deus existe e os Anjos também.

Antônio Martins de Farias

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