quarta-feira, 16 de maio de 2012

José Ananias de Farias



Não há neste mundo orgulho maior do que escrever parte da História de José Ananias de Farias. Ele era filho de Ananias Idelfonso de Queiroz e de Otília Xavier de Farias, neto de Mateus de Farias Castro e de Ludugero Aleixo da Cunha Porto e Maria Zita. Nasceu, no sertão da Paraíba, em São João do Cariri, quando criança, foi morar em Serra dos Bois, com sua mãe e seus irmãos.
Quando jovem, correndo atrás de uma seriema, na capoeira do roçado, ao pular um toco de baraúna, caiu de mau jeito e quebrou uma perna. Por causa disso ficou mais de seis meses em cima de uma cama sofrendo até o osso emendar. E emendou. Minha vó dizia que foi força de Deus e de breu.
Zé Ananias era grande dançador de forró em toda sua vida. Casou-se com tia Lalá, Dinorá, filha de Aleixo Chico e Esmeraldina. Tia Lalá, fazia o café mais gostoso de Serra dos Bois. O casal teve dois filhos Ananias, que é casado com Judite, filha natural da vila de Jerimum. Ananias e Judite tiveram muitos filhos e todos moram em Serra dos Bois e são vaqueiros, por herança genética. E Maria que mora no Rio de Janeiro, tem um filho, que estuda História e jeito de vaqueiro também.
Ainda muito cedo, tio Dedé, como o chamávamos, foi ser vaqueiro de seu Severino Malaquias, pai de nosso Padre Jonas. Quase no fim de sua vida, deixou a fazenda Lagoa do Canto e veio morar em Serra dos Bois, em sua casa, próxima a casa de Mãe Zinta, com a qual ele tinha uma relação muito afetuosa.
Sempre gostou de gado e o gado gostava dele também. Zé Ananias era um vaqueiro especial, pois o gado não tinha medo dele. Um boi bravo ficava manso quando ele aboiava. Era um veterinário e parteiro de vacas. Ele curava os animais com carinho e dedicação como nunca visto. Ele nasceu para a profissão de vaqueiro.
O narrador da história só foi conhecê-lo depois de adulto e conviveu pouco tempo com Zé Ananias, mas aprendeu muita coisa com seu mestre. Zé Ananias não foi mestre apenas de uma pessoa, mas de todos os que conviveram com ele.
Certa ocasião, eu estava angustiado porque estava tangendo a junta de boi que arava o roçado para plantar. Tanger boi era um serviço muito pequeno para eu merecer àquele prato de angu com leite, às nove horas da manhã e um bom feijão com farinha e um pequeno pedaço de carte seca ao meio dia à sombra de um pé de baraúna. E, lá ia eu tangendo os bois, quando Zé Ananias vendo o meu sofrer me disse: “Antônio, tanger boi também é trabalho.” Foi a partir desta data que eu passei a respeitar toda profissão e todo trabalhador. Sem modéstia e sem ironia, esta foi uma das maiores coisas que já aprendi em minha vida.
Em fim, falar de Zé Ananias não esgota nunca. Cada um em Serra dos Bois tem, pelo menos, mil histórias lindas para contar a respeito de meu tio José Ananias de Farias.
Continuem a bela biografia.

Por: Atonio Martins de Farias


Um comentário:

  1. Pena que a foto saiu tão apagada. Embora guardamos dela uma imagem de alegria e saudades.

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