Não há neste
mundo orgulho maior do que escrever parte da História de José Ananias de Farias.
Ele era filho de Ananias Idelfonso de Queiroz e de Otília Xavier de Farias, neto
de Mateus de Farias Castro e de Ludugero Aleixo da Cunha Porto e Maria Zita.
Nasceu, no sertão da Paraíba, em São João do Cariri, quando criança, foi morar
em Serra dos Bois, com sua mãe e seus irmãos.
Quando jovem, correndo atrás de
uma seriema, na capoeira do roçado, ao pular um toco de baraúna, caiu de mau jeito
e quebrou uma perna. Por causa disso ficou mais de seis meses em cima de uma
cama sofrendo até o osso emendar. E emendou. Minha vó dizia que foi força de
Deus e de breu.
Zé Ananias era grande dançador de
forró em toda sua vida. Casou-se com tia Lalá, Dinorá, filha de Aleixo Chico e
Esmeraldina. Tia Lalá, fazia o café mais gostoso de Serra dos Bois. O casal
teve dois filhos Ananias, que é casado com Judite, filha natural da vila de
Jerimum. Ananias e Judite tiveram muitos filhos e todos moram em Serra dos Bois
e são vaqueiros, por herança genética. E Maria que mora no Rio de Janeiro, tem
um filho, que estuda História e jeito de vaqueiro também.
Ainda muito cedo, tio Dedé, como
o chamávamos, foi ser vaqueiro de seu Severino Malaquias, pai de nosso Padre Jonas.
Quase no fim de sua vida, deixou a fazenda Lagoa do Canto e veio morar em Serra
dos Bois, em sua casa, próxima a casa de Mãe Zinta, com a qual ele tinha uma
relação muito afetuosa.
Sempre gostou de gado e o gado
gostava dele também. Zé Ananias era um vaqueiro especial, pois o gado não tinha
medo dele. Um boi bravo ficava manso quando ele aboiava. Era um veterinário e
parteiro de vacas. Ele curava os animais com carinho e dedicação como nunca
visto. Ele nasceu para a profissão de vaqueiro.
O narrador da história só foi
conhecê-lo depois de adulto e conviveu pouco tempo com Zé Ananias, mas aprendeu
muita coisa com seu mestre. Zé Ananias não foi mestre apenas de uma pessoa, mas
de todos os que conviveram com ele.
Certa ocasião, eu estava
angustiado porque estava tangendo a junta de boi que arava o roçado para
plantar. Tanger boi era um serviço muito pequeno para eu merecer àquele prato
de angu com leite, às nove horas da manhã e um bom feijão com farinha e um
pequeno pedaço de carte seca ao meio dia à sombra de um pé de baraúna. E, lá ia
eu tangendo os bois, quando Zé Ananias vendo o meu sofrer me disse: “Antônio,
tanger boi também é trabalho.” Foi a partir desta data que eu passei a
respeitar toda profissão e todo trabalhador. Sem modéstia e sem ironia, esta
foi uma das maiores coisas que já aprendi em minha vida.
Em fim, falar de Zé Ananias não
esgota nunca. Cada um em Serra dos Bois tem, pelo menos, mil histórias lindas
para contar a respeito de meu tio José Ananias de Farias.
Continuem a bela biografia.
Por: Atonio Martins de Farias
Pena que a foto saiu tão apagada. Embora guardamos dela uma imagem de alegria e saudades.
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