quinta-feira, 19 de abril de 2012

Grandes nomes da nossa historia


LINDOLFO LUDUGERO DE FARIA
Da esquerda pra direita: Luiz macambira, Lindolfo e Paulo martins, ambos falecidos.  

Tio Dofinho, como nós o chamávamos, deixou muita saudade. Ele era filho de tia Otília e tio Ananias, neto de Mãe Zita. Nascido em São João do Cariri, no entanto, criado em Serra dos Bois.
Sua infância foi toda vivida em Serra dos Bois; curtindo o colo de Mãe Zita e de sua mãe, Otília. Como todo menino andou a cavalo, inclusive no de pau, nadou no açudinho, atirou de estilingue, montou em burro bravo e dançou forró. Correu com medo de papa figo e das almas penadas do corredor de seu Amaro França.
Teve uma adolescência vivida entre Serra dos Bois e São João do Cariri. Namorou e dançou forró por toda região. Certa ocasião confessou a este autor que Silva Borges, quando jovem era muito bonita e que só perdia para Antônia Izidio, como dançarina verdadeira música nordestina.
Com o casamento de tia Lina, com seu João Joca, que residia em Frei Miguelinho, antigo Olho d’água da Onça, tio Lindolfo foi fazer uma visita a sua tia e lá conheceu Francisca com a qual se casou. Teve um filho, Givaldo, que infelizmente nos deixou muito cedo e uma filha, Maria, que reside no mesmo município, com sua família.
Tio Lindolfo era uma pessoa muito preocupada com o futuro e ao mesmo tempo demonstrava um apego ao passado muito interessante. Sua missão foi acalentar aos que sofriam, pois quem conversasse com tio Dofinho, sempre ouvia uma palavra de alegria e de esperança. Nunca se negava a servir. Trazia em seu coração um enorme respeito para com os mortos, pois não perdia um enterro e nem uma missa em intenção de qualquer alma.
Ele visitava com frequência Serra dos Bois, porém todo dia 31 de outubro, ele nos fazia uma visita obrigatória. Chegava à noite. Quando amanhecia o dia primeiro de novembro ia visitar tia Zefinha, tia Lina e o resto da família. Dia de Finados, dois de novembro, ele retornava para Frei Miguelinho. Antes passava por Gravatá do Ibiapina e orava, no cemitério por todas as almas de Serra dos Bois, cujo enterro de dera naquele campo santo. Em seguida montava em sua égua e se dirigia a Vertentes. Lá, rezava pelas almas daquele município, e, por fim, chegava a Frei Miguelinho onde encerrava sua missão orando por todos os mortos de sua terra que adotou como sua. O sítio Gavião foi sua morada e lá deixou sua marca de honestidade e de humildade e o respeito que todo cidadão merece.
Tudo que se falasse de tio Lindolfo era pouco, mas a saudade que ele nos deixou é tão grande que não conseguimos nos estender falando de uma pessoa tão querida como ele. Tio Lindolfo, meu predileto tio!

Por: Antônio Martins de Farias

3 comentários:

  1. Se não estou enganado esta foto foi feita por mim. Foi também a última vez que vi meu tio Lindolfo. Ele e tia Francisca figuram no meu Patrimônio de Saudades. Patrimônio que Deus nos dar,nossa família e nossa terra.

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  2. Quero, dizer para Carlinda que o nordeste nunca mais será o mesmo, pois vou sentir a falta e saudade de meu amigo Luiz Macambira. Aonde, este estiver, no Céu, receberá esta mensagem e saberá que ela vem de dentro do coração e do mais profundo sentimento. Saudades eternas de Luia Macambira.

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  3. Em 1974, ano de muito inverno,plantei todo o roçado. E, logo em seguida, o mato cresceu. Tio Lindolfo me chega numa sexta-feira à noite e ao ir comigo por sua égua no cercado viu o mato cobrindo o milho. Ficou triste e me disse:"Para quer plantar, de não limpa?". No sábado, bem cedo,ele acordou e ouvindo meu pai roncar dizia: Hérmes parece Heraldo Gueiros, pois uma hora destas ainda ronca". Daí chamou para irmos ao roçado e limpar o mato. Nisso, chega Geraldo de Arnóbio, dando a notícia do falecimento de Zifina Porto. Tio Lindolfo, como como mencionado, não perdia um enterro. Foi a Gravatá do Ibiapina enterrar nossa prima. Eu, fui à fazenda Açude Novo e tomei emprestado uma junta de boi com Abdon e contratei Adelso, por uma bacia de angu com leite, e limpei o roçado todo. Quando tio Lindolfo chegou e viu o roçado limpo disse: amanhã vou comprar o cultivador. Foi a Caruaru e comprou uma engenhoca que não servia para nada.E assim vou lembrando de coisas especiais de meu querido Tio Lindolfo.

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