quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Pedro Lino

Casa de Pedro Lino

Dando continuidade à história do povo de Serra dos Bois, esta semana, pretendo fazer alguns comentários a respeito de um personagem muito querido por nós – Pedro Lino – que foi marido de Sancha e pai de Maria Clara e de José, e avô do mudo, nosso querido Reginaldo.
Pedro Lino não gostava de comer; era magro e, às vezes, para andar a cavalo enchia os bolsos de chumbo para o vento não leva-lo. Ele recebia bem cada um em sua pequena casa. Sempre tinha batata doce cozida para matar a fome da gente. Dentro de certas circunstâncias servia também um café; que na maioria das oportunidades tal café era servido sem antes passar pelo coador.
O que não podia faltar a Pedro Lino era um bom cigarro de palha; feito com o melhor fumo de rolo, em papel de seda ou mesmo em palha de milho. Uma boa prosa não podia faltar.
Sua esposa, Sancha, não gostava muito de conversa; seu negócio era dinheiro e só dava de comer àquele que trabalhasse. Sancha era muito católica e demonstrava uma séria preocupação para com as almas. Todo dinheirinho que lhe sobrava mandava celebrar missa em intenção das almas do purgatório. Sancha e Pedro Lino possuíam uma condição diferenciada dos demais moradores de Serra dos Bois, pois possuíam um bom rebanho de gado e uma miúça invejável.
Pedro Lino fazia muitos amigos com facilidade, pois seu tratamento carinhoso para com as pessoas contagiava-as. Só não gostava de gastar, mas emprestava sempre um quilo de açúcar ou um quilo de café àquelas pessoas que pagavam. Muitas vezes ele me emprestou muitos quilos de açúcar e café. Sem, claro assumir a condição de bom pagador. Deixo tal responsabilidade para a história.
Pedro Lino casou-se duas vezes. Do primeiro nasceu Maria Clara e José. Maria Clara casou com Antonio Sinésio e teve muitos filhos: Pedro, Gorete, Luzinete, Ivonete e Reginaldo. José, como a maioria dos nordestinos, morou no Rio de Janeiro e sabemos quase nada sobre sua vida. Maria Clara sempre foi uma mulher arrojada, trabalhadora e criou seus filhos com muita dignidade e sacrifício como a maioria das mães nordestinas.
Nosso querido Pedro Lino deixou muita saudade a todos de Serra dos Bois. Sua lembrança será sempre lembrada de quem vai o vem de Gravatá ou do Bandeira, pois a porteira de Pedro Lino foi ponto de muitos encontros e ainda hoje há, pois lá muitas almas há esta hora, estão andando neste mundo achando que ainda estão em Serra dos Bois. O que infelizmente não é verdadeiro.

Por: Antonio Martins

7 comentários:

  1. A foto parece com a casa de Pedro Lino, mas faltou um detalhe importante: a calçada. A Calçada da casa dele era uma marca registrada. A gente cansava para subir.Só não era mais alta do que a escada que existia na cacimba de Luiz França.

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  2. Também não tinha esta cerca de arame. Ao lodo esquerdo existia uma grande pé de juazeiro. E em frente, a porteira que dava para o roçado, e um pé de quixabeira

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  3. A calçada, o juazeiro,a porteira, o tempo destruiu, a quixabeira ainda resiste, mas não será por muito tempo.

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  4. Só falta me dizerem que o velho açude, com sangrador arrombado não existe mais. Nem batata doce na fazante.

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  5. Eu sou tataraneto de Pedro Lino,sou Neto de Gorete filha de Maria Ana estive lá em taquaritinga do Norte em maio de 2011 na casa e Tia Luzinete irmã de minha vó Gorete no povoado de serra dos bois e foi muito bom ter a historia de um antepassado meu em um meio de tão facil abrangencia de historia que é a internet.
    Desejaria muito conhecer meu tio Pedro MAS ELE NÃO APARECE COM MUITA frequência a casa de Tia Luzinete, qualquer noticia sobre ele peço ao pessoal da associação dos agricultores que me informem.

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    1. Alsson, tenho muitas saudades de sua família. Maria Clara, sua avó foi uma pessoa muito guerreira e merecedora de todas às homenagêns. Lembro-me muito de Gorete, Luzinete, Ivonete. Inclusive Ivonete, tem mais ou menos minha idade, pois estudamos juntos na escola de Silva Borges,também já lembrada por mim. Sinto muita saudade de Reginaldo, que infelizmente já se encontra longe de nós. Quanto ao Pedro, seu tio não tive muito contato com ele e pouco sei a seu respeito.
      Muito obrigado por ter deixado seu comentário e qualque dúvida pode entar em contato com o meu e-mail amfiam@uol.com.br.

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  6. Bom dia, Sr. Antônio!
    Eu sou Alesson Ferreira, um certo dia há uns três. Anos atrás fiz um comentário no seu blog sobre a história do meu tataravô o então falecido Pedro Lino. Eu sou neto de Gorete filha de Ana. Bom, o intuito deste e-mail é mantermos uma aproximação para trocas de materiais que venham a contribuir para uma pesquisa acadêmica (etnográfica) sobre a comunidade de Serra dos Bois. O intuito é saber como está se comportando o povoado diante as mudanças intensas do clima, das condições sociais, econômicas, política, compreender a comunidade no seu geral.
    E também a disponibilização de fotos da região para que agregue à minha pesquisa estes anexos.
    (A de mais urgência são fotos de barreiros e/ou açudes.)
    Aguardo um retorno.
    Abraço!

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