quarta-feira, 2 de março de 2011

O Vizinho - relembrando o passado

Toda a sexta-feira ia-se a Gravatá. Toda primeira sexta-feira era obrigatória assistir à missa. Seguiam-se pela estrada, acompanhado dos vizinhos e amigos. A conversa girava em torno dos problemas da seca, da fome e variadas dificuldades que a vida nos aprontava.
Nesse ir e vir muitos amores nasceram e morreram como a vida nos apresenta. Quando a sede apertava recorrias-se aos habitantes da beira de estrada. Fazia-se ponto no Bandeira, na casa de Amaro de Ginu. Nunca na casa de seu Do Santo. A água barrenta e servida no caneco de flandres pela esposa de seu Amaro Traquino aliviava a sede no caminho de volta à Serra dos Bois, depois da missa e da feira.
 De Serra dos Bois a Gravatá, todos sabiam quem eram os vizinhos. Menos seu Amaro Traquino. Ele criava uma vaca, era casado com uma mulher que usava sempre um vestido comprido e cheio de babados. Seu cabelo era enorme, pois ela fazia para um cocó, ou seja, um penteado que juntava os cabelos na altura da nuca e ainda sobrava para fazer uma espécie de rodilha para carregar uma lata da água.
Só se sabia que seu Amaro Traquino criava uma cachorra, cujos filhotes eram vendidos.
Nunca se viu seu Amaro Traquino ir à Igreja; não se sabia qual religião ele praticava, não se sabia de que terra ele  veio.Também, com o nome desse, só podia estar brincando conosco, mas matando nossa sede todas as sextas feiras quando íamos  a Gravatá.
por:Atonio Martins

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