sexta-feira, 2 de março de 2012

O Homem do Caldo


Caldo de Feijão


O Homem do Caldo
 Cacimba de Baixo, pertence ao município de Santa Cruz do Capibaribe. Fica mais ou menos perto da vila do Pará e de Barra de São Miguel. Neste lugar existiu um ser humano maravilhoso. Ele deixou muitos filhos e admiradores em diversos lugares por onde andou. Era carpinteiro, a mesma profissão de São José. O homem de Cacimba de Baixo gostava de caçar; andava sempre com uma espingarda e atirava bem. Matava muito mocó, nos serrotes de Serra dos Bois e por onde passava. Ele possuía dois sítios no brejo: um em Mateus Vieira e outro, um pouco mais para dentro da serra. No primeiro só plantava mandioca e, no segundo, plantava bananeiras e muitas árvores que davam bons frutos; como manga, cajá e caju.
O homem de Cacimba de Baixo não gostava de andar a cavalo. Ele só andava a pé. Parecia que nunca foi vaqueiro. Andava por todos os cantos fazendo porteiras, cangas de boi; até caixão de defunto ele fazia.
Em Pedra Preta hospedava-se na casa de Zé Manoel e em Serra dos Bois na residência de Hermes.  Em certa ocasião foi convidado por Hermes, que era seu amigo, para ir ao sertão fazer umas porteiras. No caminho, ou seja, no sítio Cachoeiras, de Barra de São Miguel, conheceu a família de dona Neném de Jota e por lá ficou por muito tempo fazendo porteiras e reparando as portas dos moradores vizinhos. Um belo dia, à tarde, chegou seu Tezinho, tangendo uma burra com arreio completo. Como ele ia à Cacimba de Baixo e não gostava de andar montado, seja em que animal fosse, convidou o autor desta história para ir com ele. Foi uma das viagens mais felizes que este autor já fez em sua vida. Saíram de Serra dos Bois logo após o jantar, isso por volta das duas horas da tarde. Passaram pelo Jerimum e por diversos lugares. Atravessaram a fazenda de Sinésio Cavalcante; a estrada que vai de Barra de São Miguel para Santa Cruz do Capibaribe. Andaram e andaram. Lá por volta das oito horas chegaram à bela casa de seu Tezinho. A filha dele era crente e se encontrava na igreja, participando do culto noturno. A casa estava fechada, mas o cachorro, como diz a música de Roberto e Erasmo Carlos, “nos sorriu latindo”. Pouco depois chegou um menino, que carinhosamente lhe tomou à bênção. Seu Tezinho ordenou-lhe que fosse chamar sua filha para fazer a ceia para nós. Após o jantar ele armou duas redes e fomos dormir. Quando o dia amanheceu ele visitou todos dos moradores de Cacimba de Baixo Á tarde, fomos assistir ao jogo de futebol entre amigos. Só não fomos ao culto, cujo pastor era o irmão Severino, filho de seu Tezinho.
Resumindo a história, seu Tezinho era conhecido em Serra dos Bois, conheciam, porém não sabiam que ele só comia o caldo do feijão. E, segundo seu depoimento, foi um dos melhores vaqueiros e possuiu o cavalo mais rápido da região.

por: Antônio Martins

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