sexta-feira, 2 de março de 2012

O Cavalo Mais Rápido do Mundo



Em Cacimba de Baixo, seu Tezinho nasceu; se criou e teve seus filhos deixando uma linda descendência. Era um excelente carpinteiro, mas em sua juventude aprendeu a ouvir e contar casos ou estórias. Em suas belas narrativas ele relatava a respeito de um cavalo. Este animal era o mais rápido do mundo. Devido a tantas dúvidas a respeito da velocidade daquele animal foi preciso se formar uma comissão para se descobrir quem corria mais: o cavalo da estória de seu Tezinho ou um tiro de rifle. E, para se certificar da rapidez do animal, a tal comissão não se conformou com um rifle comum; tinha de ser o rifle de ouro do cangaceiro Antônio Silvino.
Tiveram sorte os membros da assembleia, pois o homem do rifle de ouro se encontrava escondido dos “macacos”, na Serra do Pará e resolveu ir até Serra dos Bois encontrar-se com seu amigo Ludugero Aleixo. O caminho de tal trajetória obrigatoriamente o levava a passar por Cacimba de Baixo.
Em uma bela manhã setembrina onde as flores de mofumbo exalavam seu cheiroso perfume que se misturava ao cheiro das flores de canafístula; onde os besouros “Cavalo de Cão”, ou mangangás faziam seus suados ensurdecedores. Também o anum fazia seu ninho e com seu canto prenunciava o mal á sombra da árvore de flor amarela, que com seus cachos embelezava a natureza árida do sertão. À beira do riacho existia um grande pé de juazeiro em cuja sombra reuniram os membros da comissão. Cada um com seu cigarro de palha ou cachimbo de barro deram início a discursão a respeito da tal decisão de convidar Antônio Silvino a dar um tiro emparelhado com o cavalo mais rápido do mundo. Deus escreve certo por linhas tortas, é um dito popular muito utilizado ainda na região Nordeste. Qual não foi a surpresa: olharam em direção ao norte e avistaram Antônio Silvino e seus capangas.
- Bom dia, senhores!  - Falou o cangaceiro.
- Bom dia Senhor!
Uns tremiam de medo e outros buscavam introduzir um diálogo com o cangaceiro. E, entre um cigarro e outro contaram o propósito de tal reunião. Antônio Silvino aprovou desde que fosse numa reta. Marcaram para ser em frente de uma casa grande, que ficava perto do riacho. Após ser bem recebido e tomar um bom café da manhã, comendo cuscuz, com rapadura ou mel de uruçu, carne de sol assada na grelha e tomar um bom café, plantado e colhido à sombra dos pés de jaca na Serra do Brejo, de nossa querida Taquaritinga do Norte.
Após o almoço, vamos assim dizer, ficou definido que o marco era um pé de baraúna que existia a cerca de mil metros de distância do terreiro da fazenda. Emparelharam-se os dois: Seu Tezinho montado em seu cavalo e Antônio Silvino com seu rifle de ouro. Foi escalado um vaqueiro para dar o sinal do disparo da bala e do cavalo. O vaqueiro gritou!  “pronto”! Neste instante só se ouviu o tiro e o disparo do cavalo. Acontece que quando seu Tezinho chegou embaixo do pé de baraúna precisou esperar uns dois segundos para ver a bala furar o tronco da árvore. O cavalo foi mais rápido do que a bala do rifle de ouro. Quem não acreditar pergunte a Antônio Silvino.

por:Antonio Martins

Nenhum comentário:

Postar um comentário