Tio Floro e Tio Manoel
Temos uma foto de dois tios: Floro e Manoel, filhos de Ludugero Aleixo Porto de Mãe Zita. Na velhice ambos ficaram parecidos, apenas fisicamente. Porque tio Manoel, ou como comumente os chamávamos ti Manoel e ti Floro foram duas pessoas bem diferentes. O primeiro era um vaqueiro e gostava de montar em suas éguas e sair campeando pelas matas; enquanto ti Floro gostava mesmo era de um bom cigarro e muito café. Sua arma sempre foi a enxada e o seu roçado; de onde sempre tirou seu sustento. Te Floro, na juventude foi um grande carreiro; profissão extinta com o advento do caminhão e o fim dos carros de boi. Viveu no sul de Pernambuco em virtude da plantação de cana. Morou por algum tempo em Camocim de São Felix e em Sanharó. Casado com Dona Nina Duda. Ela enviuvou ainda muito jovem e em segundas núpcias se casou com ti Floro. Tiveram um filho, Jorge, que até hoje mora em Serra dos Bois e constituiu uma linda família. Jorge é uma pessoa muito amada por todos e quem não gostar dele não gosta nem de si mesmo. É casado com Eva, filha de Ludugero França, que também é de Serra dos Bois e é personagem muito amada também. Jorge morou no Rio de Janeiro, onde trabalhou no Edifício Dílson Câmara, tendo como chefe seu Elias Amâncio, natural de Frei Miguelinho e como companheiro de trabalho Antônio de Hermes. O único defeito de Jorge foi não ter namorado nenhuma carioca. Corria um boato de que ele trazia no bolso uma lista, feita por Dona Nina, das pessoas com as quais ele podia sair. E o único da lista era nosso saudoso Antônio Ananias de Farias, casado com nossa saudosa Mercês pai de nosso primo Joel Antônio de Farias. É nosso querido tio era cobra criada.
Quanto a tio Manoel sou sei que ele foi casado com Dona Aurea e teve muitos filhos, sendo que a maioria foi morar no sul pernambucano e não os conheci direito. Apenas com Adélia e Native tivemos mais contato.
O autor desta história, quando menino era emprestado para dormir na casa de tio Manoel por inúmeras vezes e se lembra de que ele era muito bom, pois Adélia fazia apenas um prato de angu e na hora da ceia tio Manoel partia este prado de angu e um pedaço de rapadura. Antônio, assim ceava duas vezes: uma em casa e na casa de tio Manoel. Tio Manoel dormia muito cedo e acordava de madrugada para espantar os passarinhos que arrancava o milho que ele plantava.
Escrever sobre a vida de tio Manoel e tio Floro enche de alegria, pois tornamos duas pessoas muito importantes e inesquecíveis para todos. Todo homem pode ter defeito e ser bom, só não pode esquecer-se de seus antepassados.
Por:Antônio Martins de Farias