terça-feira, 19 de julho de 2011

Fazemos parte da história

Antonio Conselheiro


A história de Canudos já é do conhecimento de todos, pois a mesma foi muito bem narrada por Euclides da Cunha[1], que ficou famoso por ser o autor de uma obra prima chamada Os Sertões, onde relata a trajetória de Antonio Conselheiro e seus seguidores.
Acontece que ao ler o livro, O Rei dos Jagunços, de Manoel Benicio[2], me surpreendeu com o fato de nossa terra ter feito parte da história desta tão badala figura. Antonio Conselheiro passou pelo Marinho, Riacho de Santo Antonio, Tanque Raso, de seu Zé Pequeno, Serra Verde, de nosso saudoso tio Bernardino e em Gravatá do Ibiapina fez descanso.
Em Riacho de Santo Antonio, naquela época, só existia entre seis ou oitos casas e uma pequena capela em construção.[3] Ali, Antonio Conselheiro e seus seguidores permaneceram por cinco dias. No sexto dia, ele acompanhado por seus seguidores, tangeu o gado e os demais animais que ganhara em direção a Gravata do Jaburu, à época. À noite, em Serra Verde, no limite entre Pernambuco e a Paraíba, surgiu um vulto alto com olhos alucinados, fazendo gestos esquisitos e dizendo a Antonio Conselheiro que era uma jararaca e que sua dentada era morte na certa. Imediatamente foi perseguido pelos seguranças de Conselheiro que o amarram.
Este vulto nada mais era do que um pai que morava com a filha como marido e mulher e ao ouvir as predicas de Conselheiro, ficou tão impressionado que enlouqueceu. A noticia correu logo, desde essa época que já existia fuxiqueiro, e correu a estória de que o homem tinha o diabo no corpo. Conselheiro o curou e ele o acompanhou pelo resto da vida.

Nó sétimo dia de viagem, depois de se despedir do seu amigo Major Thomé, da fazenda Marinho, Antonio Conselheiro e seus seguidores chegaram a Gravata de Jaburu, hoje Ibiapina. Nessa época, existia uma casa de caridade construída por Padre Ibiapina e administrada por freiras e irmãos seculares.
Conselheiro, com seu coração generoso, deu oito cabeças de gado à instituição de Padre Ibiapina e em seguida seguiu em sua caminhada com destina ao estado da Bahia; onde iniciava sua missão, antes ficou durante dois dias em Vertentes, a trabalhar na limpeza do velho açude.
Esta história é fruto da leitura do livro O Rei dos Jagunços, de Manoel Benicio, que me fez muito feliz, pois a História passou bem perto da gente e poucos sabem disso. Nossos ancestrais fizeram parte da História de nosso querido Brasil e Serra dos Bois não estar isolada, muito pelo contrário, pois Antonio Conselheiro passou bem perto da gente. Quem sabe se ele não ouviu o chocalho das vacas de padrinho Ludugero, pois tio Manoel nos contava que uma de suas vacas tinha um chocalho que se ouvia a uma distancia de duas léguas, distância aproximada entre Serra dos Bois e Serra Verde.

Antonio Martins de Farias



[2] Manoel Benício é autor da obra Rei dos Jagunços, que narra a vida e a obra de Antonio Conselheiro e dos cangaceiros do nordeste brasileiro.
[3] Manoel Benicio, Rei dos Jagunços, Senado Federal, Mesa Biênio 1997/1998, página 141

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