Da esquerda para a direita, Doralice, Carlinda, Bernardina, dona Emília, Zita e Claudeci
Antonio Martins, e seus primos
Emília Martins de Farias, nascida
na vila de Gravatá do Ibiapina. Filha de Franklin Procópio da Cunha e Bernadina
Martins da Cunha. A casa onde ela nasceu era tão simples, como as pedras do
morro que envolve Gravata. As muralhas de pedra das serras trouxeram para
Emília a dureza e a coragem de lutar por tudo.
Conta-nos que sua mãe lhe ensinou
a ler e a escrever, usando como caderno as areias do riacho, pois não tinha
papel. E Emília sempre preservou o gosto pela leitura e pela informação. Daí
sua lucidez ao completar 90 anos de vida.
A vida de Emília nunca foi fácil.
Desde sua infância em Gravatá do Ibiapina até os dias de hoje. Assim, ela
abraçou Serra dos Bois como sua morada ao decidir se casar com Hermes Ludugero
de Farias, homem honesto e um verdadeiro embaixador. É que seu esposo gostava
muito de viajar e fazer amigos. Nossa casa estava sempre cheia de gente de
todos os lugares. Hermes fazia amizade com tudo mundo, não tendo, graças a
Deus, qualquer tipo de preconceito. Nosso pai era um exímio pesquisador de
parentes. Ele descobria parentes em todo nordeste. Se alguém precisava saber
sua origem bastava perguntar que Hermes ia descobrir.
Uma vez Hermes conheceu um irmão
de um cangaceiro em São João do Cariri, PB. Este senhor era barbeiro na cidade
dos Gaudêncio e incumbiu meu pai de encontrar seu irmão que se encontrava em
Pernambuco. Hermes procurou e encontrou o tal cangaceiro, que era policial em
Santa Cruz do Capibaribe e promoveu o encontro dos dois no Hotel de Dona Maria
Duda, ponto de encontro dos sertanejos, na terra da Sulanca. Nesta conversa foi
atribuída outra missão a Hermes: adquirir um rifle dos que os cangaceiros
usavam e meu pai conseguiu e, quem deu o primeiro tiro com este rifle foi o
Geraldo Francisco Barbosa, grande amigo da gente.
Assim, escrever sobre Emília só é
possível se incluir a história de Hermes, seu esposo durante muitos anos e até
no presente momento, pois ele, agora, onde estiver haverá de estar feliz e
muito contente com a família que construíram juntos.
Este casal, ainda jovem foi morar
em Serra dos Bois e tiveram seis filhos, Ananias, Bernadina, nossa querida
Dina, e Paulo; e o casal de gêmeos Antônio e Maria e caçula Carlinda.
Infelizmente, hoje, só contamos com Dina, Maria, Antônio e Carlinda. Iniciaram
sua morada no Serrote do Urubu, uma casa que pertencia a seu Zé Ramos,
percussor da família Ramos de Serra dos Bois. Poucos anos depois construíram
uma casa perto da casa de nossa querida vó, Otília.
No final da década de 50, a família
se mudou para a casa que ainda hoje é a residência da família de Emília.
Ainda na adolescência Ananias
faleceu e, há poucos anos, perdemos também a convivência com nosso Paulo. Há
que se acrescentar que nossa família está com muita saudade de nosso querido
Luiz, de Hermes, de Paulo, de Ananias e de nossa a querida vó. Sem nossa vó, nossas
vidas não teria graça. A vida é assim: uns vão outros ficam e cada um vai
construindo seu patrimônio de saudade.
Mamãe, sempre foi uma mulher
muito corajosa e disposta a qualquer luta. Ela não enjeitava trabalho. Limpava
mato, barreiro, cortava lenha, fazia farinha e carregava água na cabeça. Fez
tudo que a mulher nordestina fez. Exemplo claro de que a mulher do campo não é
fraca e coitada.
Nós, seus filhos temos muita honra
e amor por nossa mãe. Ela nunca nos abandonou, esteve sempre de nosso lado. Era
enérgica, talvez com um exagero de zelo nos criou. Somos felizes e não temos
palavras para agradecer o bem que ela nos fez e fará. Cumpre-nos seguir o seu
exemplo de mulher forte, honesta e de coragem, parabéns que Deus lhe der muita
saúde e multiplique seus dias de vida, assim definiu Geraldinho,
comadre Emília, um exemplo de vida e cidadania!
Por: Antonio Martins:
Por: Antonio Martins: