(Amaro Isídio)
Antônia (Tonha Isídia)
(Floro Isídio)
ISÍDIO A FAMÍLIA
O princípio da oralidade teve seu valor e ainda tem espaço entre nós, porém é preciso escrever os fatos para que futuras gerações possam tomar conhecimento deles. E a família Isídio é um fato que merece registro. Esta família tem uma importância fundamental na formação intelectual de Antonio e de muitas pessoas que nasceram em Serra dos Bois, em Taquaritinga do Norte. E como dizia Otília, vovó de Antonio “tem coisas que só Deus explica”. Assim é esta maravilhosa família.
Contam que um belo dia chegou a Serra dos Bois um casal com três filhos; dois homens e uma mulher. Inicialmente, fizeram um barraco à beira da estrada que vinha e ia-se ao Riacho de Santo Antonio, perto da casa de Manoel Joaquim. Depois, com o passar dos anos os pais faleceram. Ficando Antônia, Amaro e Floro que foram morar na fazenda Lagoa do Canto, de propriedade de seu Severino Malaquias, pai de nosso saudoso padre Jonas.
Amaro, Antônia e Floro construíram suas vidas em Serra dos Bois. Acabaram incorporando-se à família dos Aleixos, fundadores d sitio Serra dos Bois.
Antonia, Amaro e Floro foram queridos por todos. Antônia foi uma eximia dançarina de forró e muito namoradeira, embora não se casou. Talvez por dançar e namorar bem os homens tivesse medo dela. Floro foi um grande limpador de roçado e, por último, Amaro foi um grande sábio e profeta.
Quem teve a oportunidade de ouvir e prestar atenção no que Amaro Isídio falava aprendia muito, porque Amaro nunca freqüentou a uma escola, mas sabia como a vida era e tinha de ser.
O autor, desde logo, explica que ao afirmar que Amaro Isídio foi sábio e um profeta não estar sendo irônico ou fazendo pouco caso da maravilhosa pessoa que fora nosso amigo Amaro Isídio. Considera Amaro Isídio como um profeta ou sábio é constatar que ele possuía forma de se expressar que só intelectual e filósofo poderia compreender. Amaro Isídio recebia, sem saber, iluminação e inspiração de Deus ou de um mestre qualquer, pois usava e abusava de metáforas.
E como se sabe: metáfora era a linguagem que Jesus usou para se comunicar com os sábios do Império Romano. Um exemplo: “a Cesar o que é de Cesar”.
Numa casinha muito aconchegante à beira da estrada em direção à casa de seu Marreca morava a família Isídio. Quem visitava esta família tinha o privilégio de saborear um gostoso café feito no capricho por Tonha. Se Tonha não oferecesse o delicioso café era porque faltava pó e açúcar; fato comum na casa de pobres do nordeste. Quando um nordestino recebe uma visita e não oferece café ou comida é porque não tem. E se você for convidado para comer na casa de um nordestino coma, pois ele ficará muito magoado se você o rejeitar. Quem segue essa regra à risca é Adelson de Joaninha Marreiros.
Ninguém sabe qual a origem da família Isídio; uns diziam que eles vieram de uma região chamada Mata Virgem no sertão da Paraíba. Virgem como Amaro, Antonia e Floro foram. Virgem Maria, rogai por eles!
Antônia, por ser muito namoradeira, às vezes, tomava um namorado de outra moça em Serra dos Bois ou das Barrocas e do Bandeira podia-se atribuir alguma desavença, porém tudo acabou em angu. A família Isídio acabou. Antonia, Amaro e Floro não se casaram e virgem morreram, não deixando filhos nem herdeiros para seus legados.
Amaro sabia que para deixar filhos neste mundo tão cruel como planeta Terra era preciso ser louco e Amaro Isídio sempre teve muito juízo. Um juízo que as pessoas normais não têm.
Amaro, Antonia e Floro não deixaram fortuna, mas um legado ao povo de Serra dos Bois: a honestidade.
Por: Antonio Martins de Farias