Seja no
inverno, no verão, no outono ou primavera, passear pelos recantos e encantos de
Serra dos Bois e adjacências tem seu preço: bons momentos de alegria e
aprendizado sobre o meio ambiente e um povo hospitaleiro e de uma sinceridade e
honestidade inigualável.
Primeiro
pediremos licença para adentramos a fazenda Açude Novo. Lá, vamos visitar a
Serra Lavrada. No topo daquela serra existe uma sequência de cores nas pedras, marcando, talvez, notícias da
ancestralidade de vários povos. A Serra Lavrada, de um lado, pertencia ou
pertence ainda às Noventas. “Noventas” representa um trecho de terra cujas
medidas equivalem noventa braças de largura, medida utilizada pelo sertanejo
para medir as terras de suas propriedades. As “Noventas” faz divisa com o sítio
das Barrocas, de seu João Borges e com as terras do Jerimum. Ou ainda, com a
Serra dos Bois, a qual nossos vizinhos mais antigos a chamavam de Serra dos
Aleixos. Tal apelido é devido a nossa ancestralidade ou família Aleixo, que
formou os primeiros moradores de Serra dos Bois. Há também uma variedade enorme
de arvores e plantas; como angico, jurema, catingueira, marmeleiro, imburana,
facheiro, lastrado, urtiga e favela; caroá, para se fazer corda, e muitas
outras espécies. Sem esquecer-se de nossa macambira, da cana de macaco e do
coco catolé. Pedras e locas param brincar de se esconder e curtir a felicidade.
Tem também muitos pés de imbu que alimenta as cabras e os jabotis. Encontram-se
também muitos caramujos de várias cores e tamanho.
Descendo para
o lado da serra de Manoel Manso, vamos encontrar o Olho d’água, antiga cacimba
que nossos antepassados fizeram para amenizar os efeitos da seca. Lá, muitos
caçadores e cangaceiros, fizeram tocaia para matar arribaçã, juritis, rolinha
cascavel e outras espécies de aves, tempo que não combina com os tempos atuais.
Mesmo assim não podemos condená-los, pois eles não sabiam das consequências.
Condenar o passado, sem dar-lhe o direito de se defender é um crime grave
também.
À noite, um
verdadeiro espetáculo, ver a lua cheia e ouvir o tric, tric dos grilos, o som
do vento e o barulho dos galhos das árvores se tocando, como se fosse um casal
de namorados apaixonados se tocando e sentindo em seu corpo a felicidade que só
o amor é capaz de proporcionar.
Vale a pena ir
a Serra dos Bois e visitar a Serra Lavrada.
Antônio Martins de Farias